O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF),
revelou perplexidade com o fato de um novo delator da Operação Lava-Jato — o
lobista Hamylton Padilha, que agia na Petrobras — aceitar pagar multa de R$ 70
milhões ao Tesouro. “Tudo o que vem sendo revelado ultrapassa a nossa
capacidade de imaginação”, declarou o ministro.
Segundo
Mendes, “os números são, realmente, estratosféricos e indicam que há algo
ligado a algum tipo de corrupção sistêmica. Nós não temos ainda a ideia do tipo
de prática, do volume que envolve esse chamado petrolão. É altamente
constrangedor para todo um sistema de controle”, disse o ministro, na noite de
segunda-feira, após evento na Associação dos Advogados de São Paulo.
Hamylton
Padilha confessou “graves irregularidades” na Lava-Jato envolvendo a
contratação do navio-sonda Titanium Explorer, em 2008, na Diretoria
Internacional da Petrobras. Uma propina de US$ 31 milhões foi acertada. Desse
montante, efetivamente, teriam sido pagos US$ 10,8 milhões para o PMDB, segundo
a Procuradoria da República. Outros US$ 10 milhões foram divididos com o então
diretor da estatal, Jorge Luiz Zelada, e outros investigados.
Ao fechar
o acordo de delação, Padilha concordou em pagar multa de R$ 70 milhões, um dos
maiores valores já desembolsados por investigados na operação. O montante é
igual ao que se comprometeu a devolver o primeiro e principal delator da Operação,
Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras.
Sobre as
delações premiadas, 28 já firmadas no âmbito da Lava-Jato, Gilmar Mendes disse
que o país “está vivendo um aprendizado”. “Certamente, vão se detectar
deficiências, e elas serão devidamente aperfeiçoadas, como já ocorreu em outros
sistemas.”
A presidente Dilma Rousseff formalizou ontem a indicação de Rodrigo Janot para continuar à frente do Ministério Público Federal. Em mensagem publicada no Diário Oficial da União, a petista cita “encaminhamento ao Senado Federal, para apreciação, do nome do senhor Rodrigo Janot Monteiro de Barros para ser reconduzido ao cargo de procurador-geral da República”.
Fonte: Correio Braziliense – Foto: Google