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Partido "Rede Sustentabilidade"; na conta de Rollemberg

A Rede deve contar com Chico Leite e Cláudio Abrantes em seus quadros, mas não imediatamente.

Criação do novo partido político é do interesse do chefe do Buriti, uma vez que distritais que mudarem de sigla devem entrar para a base aliada do governo. Por enquanto, nomes de petistas e pedetistas estão entre os cotados para integrar a nova nomenclatura

A criação de um novo partido vai movimentar os bastidores e alterar as forças políticas do Distrito Federal. Até o fim de agosto, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deve julgar o pedido de registro da Rede Sustentabilidade, legenda idealizada pela ex-senadora Marina Silva. A oficialização da sigla, depois de quase dois anos de idas e vindas na Justiça, vai beneficiar o governador Rodrigo Rollemberg (PSB), já que o grupo está na base aliada do chefe do Executivo. A Rede terá protagonismo político no Distrito Federal e deve nascer com representação na Câmara Legislativa.


O surgimento do partido ocorrerá em um momento político delicado para o governador. Ele enfrenta dificuldades na interlocução com a Câmara Legislativa, já que seu partido não elegeu nenhum parlamentar e os integrantes da base aliada não têm atuação fiel. Rollemberg sofreu derrotas importantes no primeiro semestre e, até o fim do ano, terá a missão de aprovar projetos que ampliem a receita do governo.

As negociações para filiação à Rede ocorrem de maneira discreta e ninguém fala abertamente sobre a possibilidade de migração. Um dos mais próximos à liderança do novo partido é o distrital Chico Leite. Ao se filiar à sigla de Marina Silva, o petista poderá começar a sedimentar seu nome para disputar algum cargo majoritário nas eleições de 2018.

O distrital Joe Valle (PDT) se elegeu como representante da Rede, apesar de o partido ainda não existir formalmente. Ele sempre esteve entre os cotados para migrar à agremiação política após o registro da sigla no TSE, mas deve permanecer no partido pelo qual se elegeu. “Sou Rede e tenho afinidade completa com o programa, mas cumpro acordos e tenho lealdade. Fui acolhido no PDT”, explica Joe. “Não vou tomar essa decisão sozinho, ainda estou discutindo o assunto com um grupo que me acompanha”, acrescentou o distrital.

Permanecer no PDT também foi a decisão do senador Reguffe. Um dos principais apoiadores de Marina Silva durante o processo de criação da Rede, o pedetista não quer trocar de sigla. “Apesar de ter muitas divergências com os rumos atuais do meu partido, não pretendo sair do PDT”, garante. O senador, no entanto, mantém conversas frequentes com Marina e defende que ela seja candidata à Presidência novamente.

A distrital Luzia de Paula, atualmente no PEN, tem sido procurada pelas lideranças da Rede e já conversou sobre a possibilidade de mudança. Seu partido faz oposição ao governo Rollemberg, mas a deputada tem afinidade com o chefe do Executivo. “Estou muito bem no meu partido e não penso em sair”, desconversa a distrital. A Rede Sustentabilidade poderá contar com mais um deputado na Câmara Legislativa. O petista Cláudio Abrantes é o primeiro suplente da coligação PT/PP. Caso o Tribunal de Contas do DF determine a aposentadoria compulsória do conselheiro Domingos Lamoglia, os mais cotados para a vaga são os distritais Wasny de Roure (PT) e Dr. Michel (PP). Se isso ocorrer, Abrantes volta à Câmara Legislativa.

O petista reconhece os contatos com a equipe da Rede. “Eles têm conversado com muitos atores políticos e eu sou um deles, não nego. Houve um convite formal porque a Rede entende que eu tenho perfil adequado à linha programática”, explica Cláudio Abrantes. Ele evita, no entanto, criar expectativas quanto à abertura de uma vaga na Câmara e quer aguardar o julgamento do caso Lamoglia. “Ainda tem muita água para passar embaixo dessa ponte, por isso, não quero criar expectativa”, justifica.

Sem especulações
Pedro Ivo Batista, membro da Comissão Nacional Provisória da Rede, é o principal articulador do futuro partido no Distrito Federal. Ele evita, por enquanto, especulações sobre filiações. “Nosso trabalho é para que a Rede seja forte ideologicamente e que preste serviços à sociedade, independentemente de tamanho de bancada”, comenta.

“A representação é consequência desse trabalho. Queremos ser mais fortes na cidadania do que no parlamento. Assim, nas próximas eleições, a Rede terá condição de ser um partido competitivo sem perder seus valores”, justifica Pedro Ivo. Ele conta que a expectativa do grupo é que o registro seja deferido pela Justiça Eleitoral ainda neste mês. “Entregamos toda a documentação necessária e já há parecer favorável do relator. Só falta o TSE marcar o julgamento”, afirma o integrante do comando da Rede Sustentabilidade.

O que diz a lei
A Resolução nº 22.610/2007, do Tribunal Superior Eleitoral, estabelece as regras para processos de perda de cargo eletivo e de justificação de desfiliação partidária. De acordo com a resolução, o partido político interessado pode pedir, na Justiça Eleitoral, a decretação da perda de cargo eletivo em decorrência de desfiliação partidária sem justa causa. São consideradas justas causas a incorporação ou fusão do partido, a criação de nova legenda, a mudança substancial ou o desvio reiterado do programa partidário e a grave discriminação pessoal. O partido político interessado, o Ministério Público Eleitoral ou pessoas com interesse jurídico no caso estão aptos a apresentar pedido de decretação de perda do cargo eletivo. As solicitações são julgadas pelo TSE, em caso de mandato federal. Nas demais situações, a competência é do Tribunal Regional Eleitoral.


Com cargos no governo
Além dos deputados assediados a mudar de partido, a Rede Sustentabilidade deve ganhar outros quadros com cargos no governo local. Braço direito de Marina Silva, o secretário de Meio Ambiente, André Lima, foi um dos grandes articuladores da criação da nova sigla. A diretora do Ibram, Jane Vilas Boas também deve se filiar ao partido, assim como o ex-administrador de Samambaia Risomar Carvalho. O subsecretário de Movimentos Sociais e Participação Popular do GDF, Acilino José Ribeiro de Almeida, completa a lista.


Além da legenda liderada por Marina Silva, outra sigla que está prestes a ser liberada pelo Tribunal Superior Eleitoral é o Partido Novo. Os apoiadores do projeto recolheram 200 mil assinaturas só em Brasília. Ao contrário da Rede, a legenda não deve ganhar a filiação de brasilienses com mandato eletivo. “Nosso projeto é alicerçado em outros valores. Estamos engajando a população para participar do processo eleitoral em 2016 e, até lá, vamos tentar convencer as pessoas de que nossas ideias são importantes para o Brasil”, conta Cláudio Barra, que lidera o processo no DF. O registro do Partido Novo deve ser finalizado até o fim de agosto.


Fonte: Helena Mader – Correio Braziliense – Foto: Bruno Fortes/ CB/D.A.Press

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