Por: Carlos Chagas
Madame continua indefinida, apesar de haver assumindo a
coordenação política do governo, em parceria com Michel Temer, certamente como
resposta ao inusitado comentário do vice-presidente sobre o país necessitar de
alguém que reúna todas as forças vivas nacionais. Porque foi anunciada para o
último domingo uma reunião com poucos ministros, cinco ou seis, daqueles que
cuidam de política. Na hora do encontro, estavam presentes treze ministros.
Como são 39, a conclusão é pela existência de 26 de segunda classe, deixados de
banda.
Mesmo assim, a
presidente anunciou que não pretende atender os clamores gerais de promover
profunda reforma em sua equipe. Estão todos prestigiados, ainda que de
mentirinha. Outra de suas iniciativas foi de dialogar amplamente com as forças
sociais, sugestão do Lula. O problema é que MST, UNE, CUT e montes de outras
entidades criadas ao redor do PT não precisam de diálogo com o governo. Já
estão com ele e não constituem partidos políticos, ou seja, dispõem no máximo
de simpatizantes na Câmara e no Senado.
O verdadeiro diálogo
de Dilma tem que ser com os partidos. Justiça se faça, ela também anunciou que
procurará os presidentes das legendas que apoiam o governo ou se dizem
“independentes”. Tudo da esfrangalhada base oficial, pois não se imaginam
convites a Aécio Neves e penduricalhos.
Em suma, da reunião
de anteontem no palácio da Alvorada, só abobrinhas. Nenhum ministro teve
coragem de colocar o guiso no gato, ou seja, de alinhar críticas à comandante
do batalhão, como costumam fazer quando ausentes. Também, seria perigoso, pois
a postura dela continuou a mesma: nada de humildade, muita arrogância. Também,
reunião política com mais de três, senão vira comício, redunda em nada...
A
SOMBRA DA GUILHOTINA
Tudo
indica que o Procurador Geral, Rodrigo Janot, já tem pronta a denúncia contra o
presidente da Câmara, Eduardo Cunha. O pedido deve chegar nos próximos dias ao
relator do Lava-Jato, ministro Teori Savaski. A ele caberá decidir sobre o
futuro do deputado, mas tudo indica que vai demorar para aceitar ou rejeitar a
denúncia. Sendo assim, a presidente Dilma ainda enfrentará longas semanas na
alça de mira do adversário.
APROPRIAÇÃO
INDÉBITA
De quando em quando,
há alguns anos, algum amigo telefona perguntando ter sido de minha autoria um
artigo intitulado “o custo dos generais presidentes”, onde lê que de Castello
Branco a Costa Silva, Médici, Geisel e Figueiredo, a honestidade financeira
pessoal foi uma constante. Isso apesar dos excessos e horrores verificados nos
seus períodos de governo em termos de política, direitos humanos, mudança nas
regras do jogo e outros horrores.
Pois esse artigo vem
sendo espalhado por muitos e-mails, mas acrescido da segunda parte de um texto
que não escrevi, mas apresentado como se fosse, desancando com os presidentes
civis que sucederam os militares. Pode até haver razão em certos parágrafos
falando do uso de dinheiros públicos, enriquecimento meteórico e amizades
estranhas.
É preciso ressaltar:
minhas críticas aos governos Sarney, Collor, Itamar, Fernando Henrique, Lula e
Dilma sempre foram contundentes, mas nada tem a ver com as distribuídas por
esse bando de insanos que sonham com a volta ao passado.