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Para tirar a cidade do papel - Cerimônia homenageou 28 profissionais da construção de Brasília

Para tirar a cidade do papel - Cerimônia homenageou 28 profissionais da construção

Daqui, desta modesta tribuna, resolvemos, há algum tempo, transformar os nossos domingos nesta página em verdadeiros arautos daquilo que sonhamos para nossa Brasília, daquilo que execramos e repudiamos, daquilo que aplaudimos, embora esse último (os aplausos) raramente aconteça mesmo procurando com lupa aqui e ali, nos esforçando para contar e cantar, em prosa e verso, as maravilhas que vimos concretizadas e compartilhá-las com os leitores, igualmente sedentos de ordem e progresso.

Assistimos, nesta semana, à maior demonstração de reconhecimento e justiça, com a reunião daqueles que sacrificaram a vida pessoal, que deixaram as suas respectivas cidades, famílias, amigos, raízes, para demonstrar, com seu trabalho e competência, a confiança que depositaram em Juscelino Kubitschek de Oliveira.

Para essa imensidão de cerrado vieram, jovens ainda, ajudar a construir, dentro do prazo previsto e sonhado por JK, esta que é, há 55 anos, a capital do Brasil.

“Desbravadores”, como os qualificou o Correio Braziliense, os 28 profissionais da construção são os artífices e testemunhas oculares da história da nova capital que hoje, do alto de sua oitava década de existência, pode afirmar, com orgulho, o quanto se dedicaram e o que fizeram para que tudo correspondesse às expectativas do presidente, sem medir nem contar o tempo empregado naquele trabalho.

O objetivo era, tão somente, cumprir os prazos e seu compromisso de entregar a nova capital ao Brasil, que antes se espremia no litoral, deixando um imenso manancial à deriva, abandonado, sem perspectiva de progredir tal como tanto precisava.

Ao mesmo tempo em que nos rejubilamos com a possibilidade de vê-los aqui reunidos, com saúde e disposição, cheios de energia para analisar e avaliar o que viram, nós, que chegamos algum tempo depois, nos sentimos até constrangidos e chateados com o que a cidade de JK e deles se transformou.

Como enfatizou um dos maiores estudiosos de Brasília, o geógrafo Aldo Paviani, “Brasília ficou um monstrinho”, segundo revelou matéria assinada por Cristine Gentil e Maryna Lacerda, na edição de Cidades de domingo (15).

O professor falou de grilagem, de má distribuição do trabalho e emprego, da destruição do meio ambiente, do desrespeito às nascentes, destruição da flora, da fauna, do comprometimento do futuro do abastecimento de água, de omissão dos governos, classificando cada um desses fatores de “problema crucial”.

Com esse encontro, que não foi alimentado só de saudosismo e de lembranças, um detalhe nos chama a atenção e conforta: que bom que eles estão aqui, preocupados e defendendo com unhas e dentes a sua cria, que é Brasília.

Que bom que, daqui do nosso cantinho, podemos nos sentir parte desse time de que, embora tenha deixado tudo pronto para nós, pioneiros ou não, herdamos, como por encanto, esse amor, essa garra e essa vontade de deixar uma Brasília para nossos descendentes, extraordinariamente bela, bem cuidada, respeitada e, sobretudo, bem administrada, em todos os sentidos.

Se eles, os arquitetos e engenheiros, tiraram-na do papel, com o suor do rosto e o idealismo e responsabilidade impregnados em seus corações, cabe a nós, hoje, mantê-la no papel com honra, com desvelo, com orgulho, com dignidade. É o mínimo que podemos fazer pela terra que nos acolheu e onde fincamos nossas raízes.


Por: Jane Godoy – Coluna: 360 Graus – Foto: Minervino Junior/CB/D.A.Press – Correio Braziliense

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