De janeiro ao início de dezembro, houve 646 cirurgias do tipo na rede
pública de saúde, 226 a mais que o esperado
O sistema público de saúde superou as metas anuais de três dos quatro
tipos de transplantes feitos no Distrito Federal. Esperava-se fazer 280
cirurgias de córnea em 2015, e houve 483 operações até o início de dezembro.
Vinte e nove pessoas receberam coração, nove a mais que a expectativa. A doação
de fígado também ficou acima do esperado: de 40 para 57. Faltam três
transplantes de rim para a meta de 80 cirurgias ser alcançada até o fim do ano.
As quantidades almejadas são definidas de acordo
com os números dos anos anteriores, acrescidos da expectativa de o serviço
alcançar cada vez mais pessoas. “A doação de órgãos envolve várias frentes,
como a família do paciente, os profissionais dos hospitais e a equipe de
transplante, e, para que ele ocorra de maneira eficiente, é preciso mapear todo
o processo e identificar o que precisamos melhorar”, diz a diretora da Central
de Transplantes da Secretaria de Saúde, Daniela Salomão.
Em Brasília, uma pessoa viva pode doar parte do
fígado e um dos rins a parentes até o quarto grau e cônjuges. Já um paciente
com morte encefálica pode também ser doador de fígado e de coração. Para a
diretora, a superação da meta de 2015 ocorreu por dois fatores principais:
maior facilidade de deslocamento da equipe de transplante e investimento em
capacitação dos profissionais da Saúde.
Daniela explica ser muito importante que médicos,
enfermeiros e técnicos que lidam diretamente com o paciente com morte cerebral
saibam como preservá-lo em condições favoráveis ao transplante. É preciso, por
exemplo, manter a pressão arterial e o funcionamento dos órgãos por meio de
medicamentos. “Esse cuidado é determinante para que a cirurgia seja possível.”
A verba usada nas operações é do Fundo de Ações Estratégicas e Compensação, do
governo federal.
Em Brasília também há transplante de medula óssea, mas
esse material tem um banco específico — o Registro Nacional de Doadores
Voluntários de Medula Óssea — e não faz parte do Sistema Nacional de
Transplantes do Ministério da Saúde.
Transporte
Uma parceria da Central de Transplantes com o Serviço de Atendimento
Móvel de Urgência (Samu) e o Departamento de Trânsito (Detran-DF) facilita o
deslocamento da equipe, que fica de prontidão no Hospital de Base, na Asa Sul.
No caso de recolhimento de córneas de pacientes com o coração parado, todo o
processo de entrevista com familiares, atestado da morte da pessoa, assinatura
de autorização e retirada do tecido deve ocorrer em até 12 horas.
Nos casos de morte cerebral, o tempo é maior e
depende dos cuidados com o paciente para manter os órgãos funcionando. Duas unidades
móveis fazem o transporte das três equipes da Central de Transplantes, formadas
por médicos e enfermeiros.
Lista de
espera
De acordo com a Secretaria de Saúde, o tempo médio de espera para
pacientes que precisam receber um rim no DF é de dois anos. São levados em
conta fatores como tamanho, peso, genética. Para os outros órgãos, no entanto,
a média é menor. Para ter um coração, a espera é de 4,3 meses, para fígado, 6,2
meses, e córneas, 3,8 meses.
Para que o órgão seja doado, após
constatação por meio de morte irreversível do paciente, parentes de até segundo
grau ou cônjuges precisam autorizar o procedimento. Quando há condições de
doação, a equipe do próprio hospital aciona a Central de Transplantes e
iniciam-se os preparativos.
Por: Paula Oliveira, da Agência Brasília – Foto/Ilustração:
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