O compositor, ao ouvir que "PT é
bandido", responde: "Eu acho o PSDB bandido. E agora?"
Autor de Geni e o Zepelin se envolve em bate-boca
ao sair de restaurante no Leblon, Rio de Janeiro, por causa do PT
O cantor, compositor, escritor e
dramaturgo brasileiro Chico Buarque de Hollanda foi hostilizado por um grupo de
jovens ao sair de um restaurante acompanhado de amigos, entre eles o cineasta
Cacá Diegues, na noite de segunda-feira, no bairro do Leblon, Zona Sul do Rio
de Janeiro. Três homens o cercaram e repetiram a frase: “o PT é bandido”. Chico
parou para conversar e retrucou: “Eu acho o PSDB bandido. E agora?” O vídeo foi
publicado originalmente no site Glamurama.
Apesar da baixa qualidade do áudio, é
possível perceber o cantor alegando que as acusações são baseadas em publicação
jornalística antipetista. Em outro trecho do vídeo, o compositor pergunta de
onde conhece um dos integrantes do grupo. “Rapaz, engraçado, eu não estou te
reconhecendo. Eu te conheço de onde? Como é seu nome?”, questiona. O
interlocutor responde: “Você é famoso e eu não sou”. Em seguida, ao ser
questionado novamente, fala o nome. “Túlio. Túlio Dek”. Depois, Chico pergunta
o nome dos outros dois, aperta a mão deles e, ironicamente, os parabeniza.
“Parabéns para vocês”.
Em outro momento, quando o compositor
se afasta para ir embora, um dos jovens grita: “petista” e uma voz ao fundo
pergunta: “vai correr daqui já?”. No meio do bate-boca, um deles ironiza o fato
de Chico Buarque ter morado em Paris. “Para quem mora em Paris, é fácil”, diz.
Um dos jovens é filho do conhecido empresário paulista Álvaro Garnero. Túlio
Dek é rapper. No fim, quando o compositor se encaminha para pegar o táxi, um
deles fala: “Todo mundo era seu fã, Chico”.
Outros casos
Não é a primeira vez que petistas são
hostilizados em locais públicos. No início de novembro, o ministro do
Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, almoçava com a família em um
restaurante de Belo Horizonte, em Minas Gerais, quando foi agredido
verbalmente. Ele foi chamado de corrupto. Um homem mostrou um guardanapo onde
estava escrito “Fora, PT”. O ministro ainda tentou dialogar, mas não teve
jeito. Em sua página do facebook, após o episódio, o petista comentou o caso.
“Este não vai ser o país do ódio. Ninguém vai nos tirar das ruas de Belo
Horizonte”.
Em outubro, foi a vez do secretário
municipal de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo, o ex-senador Eduardo
Suplicy. Ele foi hostilizado ao sair de uma livraria, onde, minutos antes, o
prefeito Fernando Haddad havia concedido uma entrevista. Ele ouviu gritos de
“Suplicy, vergonha nacional” de um pequeno grupo que estava no local.
O ministro do Trabalho e Previdência
Social, Miguel Rosseto, foi recebido com palavras de ordem quando entrou num
avião de carreira. Ele viajava de São Paulo para Brasília. Parte dos
passageiros entoaram músicas de conteúdo agressivo contra os petistas e a
presidente Dilma Rousseff. O ministro chegou a bater boca com um dos
passageiros.
No início de outubro, o ex-ministro da
Saúde Alexandre Padilha acabou sendo chamado de “ladrão” quando tomava cerveja
com um amigo numa churrascaria de São Paulo. No momento em que se levantou para
ir embora, pessoas que estavam em outra mesa disseram que ele deveria pagar a
conta de todos já que ele e outros políticos “roubaram tanto o país”.
“Para quem mora em Paris, é fácil.
Todo mundo era seu fã, Chico”
(Frases ouvidas por Chico Buarque na
noite carioca)
Fonte: Correio Braziliense