Pelo tamanho e pela repercussão prolongada que se
espera, a tripla crise (econômica, política e ética) deveria ser encarada com
mais seriedade justamente por aqueles que a produziram e que são a raiz do
problema. Portanto, cabe à direção do Estado, e somente a ela, o principal
esforço com vistas a minorar seus efeitos. No entanto, o que se observa é mais
do mesmo. Dentro do inevitável ajuste fiscal que virá, a conta será
integralmente debitada no bolso do cidadão comum, via aumento do custo de vida
provocado, obviamente, pelo reajuste de impostos e tributos de toda a ordem.
Para a classe média, que representa hoje cerca de 54% da população, a
conta já chegou. A corrida desesperada aos postos de combustíveis, provocada
pelos boatos de aumento dos preços, é exemplo dessa injustiça nossa de cada
dia. Num momento em que os preços do barril de petróleo estão no menor patamar
das últimas décadas por todo o mundo e mesmo depois de a polícia desbaratar o
cartel de combustíveis no DF, a perspectiva de aumento persiste e acontecerá
para tapar o bilionário rombo de caixa da Petrobras.
Corre-se da máfia dos donos de
postos para cair no colo da estatal que se transformou em caixa arrecadadora de
partidos e políticos astutos. Para desespero do cidadão, não há a quem recorrer
neste instante. Nem mesmo à Justiça, que deixa de barrar qualquer tentativa em
seus altos e difusos proventos. Diz o filósofo de Mondubim que quando há pouca
farinha o pirão é meu. No caso do Brasil, se ainda está de pé depois de tanta
corrupção, é porque a farinha é muita.
O fim do benefício do auxílio-moradia de R$ 4.377 pagos mensalmente,
proposto na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), para o Judiciário, mesmo
para quem tem casa própria, causou revolta de juízes e entidades de classe que
ameaçam ir ao Supremo para garantir o privilégio que custa aos contribuintes
algo em torno de R$ 450 milhões ao ano. Recorrerão ao mesmo STF, que, em 2014,
estendeu o benefício a todos os integrantes das carreiras. Benefício que não
precisa ser pago mediante apresentação de recibo correspondente ao gasto. Como
quem pode não quer pagar, pagará quem não pode, não quer, como vem sendo feito
há séculos.
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A frase que foi pronunciada
“Existe um tempo certo para cada coisa, momento oportuno para cada propósito debaixo do Sol: Tempo de nascer, tempo de morrer; tempo de plantar, tempo de colher.”
(Eclesiastes, Cap. 3, Bíblia)
“Existe um tempo certo para cada coisa, momento oportuno para cada propósito debaixo do Sol: Tempo de nascer, tempo de morrer; tempo de plantar, tempo de colher.”
(Eclesiastes, Cap. 3, Bíblia)
Por: Circe Cunha – Coluna: “Visto, lido, e ouvido”
– Ari Cunha – Correio Braziliense – Foto/Ilustração: Blog - Google