“A grande discussão na Câmara vai ser se o Uber será
apenas para os ricos, ou para todos”
(Deputado Israel Batista (PV)
Você é o relator da regulamentação do Uber. Qual será
a grande polêmica no debate da Câmara?
O mais relevante é que a gente possa ter a categoria popular
do Uber e usar o Uber X, porque é um serviço que realmente impacta na vida do
cidadão comum. Então, não podemos permitir que só mercado de luxo acesse o
serviço.
Que o Uber fique para o luxo e o taxista para uma
categoria mais popular?
Isso. Não
dá para o Uber ser o transporte dos ricos e os taxistas, dos pobres. Isso não é
justo. Os taxistas não conseguem ter alcance porque o número de táxis de hoje é
o mesmo da década de 1970. Então, nós precisamos incluir mais gente nesse
serviço. A grande discussão na Câmara será esta: se o Uber vai ser apenas para
os ricos, ou para todos.
Existe um medo do governo de contrariar a categoria dos
taxistas?
Não sei
se existe esse medo, mas, se existe, eu acho um erro. É preciso primeiro
atender aos anseios do consumidor, do contribuinte, da sociedade. A gente não
pode fazer leis para atender uma categoria. Tem que beneficiar, sobretudo, o
consumidor.
Você foi o único deputado que votou contra a
proibição do Uber no DF. Ficou conhecido como o deputado-Uber?
Não
chegou a isso porque quando fiz a defesa do Uber, defendi, na verdade, a livre
concorrência e a tecnologia como forma de avanço social. Então, é bom lembrar
que da mesma forma que os taxistas reclamam do Uber, as empresas de telefonia
reclamam do WhatsApp. E hoje não consigo ver o meu dia sem WhatsApp. A
tecnologia veio para ficar, não tem jeito de a gente impedir o progresso.
Mas os taxistas não podem também se reinventar, se
modernizar?
A verdade
é que a gente só se moderniza com concorrência. O país só se moderniza quando
garante a livre concorrência. A gente precisa garantir concorrência no Brasil.
Tenho certeza de que os taxistas não vão ficar para trás. Eles vão se
modernizar, ampliar o serviço e trabalhar por meio da tecnologia também.
Na regulamentação do serviço no Congresso, o senador Reguffe,
ao relatar o caso, incluiu a possibilidade de o consumidor pagar a corrida
em dinheiro. Concorda?
Claro que
desfigura o modelo do Uber. O Uber é uma modalidade por aplicativo. É simples
assim. Você só acessa o Uber por aplicativo, e para acessar precisa usar o seu
cartão. Se não for isso, não é Uber. É qualquer outra coisa.
No ano passado, 23 deputados votaram contra o Uber.
Mudou a cabeça dos deputados?
Mudou, sim. Eles estão entendendo que esse tipo de serviço
não cessa com proibição. O movimento é natural. Retirou-se o WhatsApp e, no
mesmo dia, pipocaram outros aplicativos, igualmente gratuitos.