Novas práticas incluem aumentar o número de médicos
generalistas, dividir o atendimento em microrregiões e oferecer cursos de
capacitação aos profissionais. A intenção é alterar o modelo de atendimento
convencional, dando prioridade à prevenção de doenças e não ao tratamento
O aprimoramento dos serviços de saúde ofertados à população do Distrito
Federal, na avaliação do Executivo, exige uma profunda transformação no modelo
de atenção primária. As novas práticas para melhorar o atendimento na
porta de entrada da rede começam a ser implementadas progressivamente.
As mudanças que levarão ao fortalecimento da medicina com foco na
prevenção são muitas. Uma das mais significativas é a que passa a dar enfoque à
promoção à saúde, e não apenas ao tratamento de doenças. A equação é simples:
quanto mais as equipes de estratégia de família visitarem os moradores de uma
comunidade, menos eles irão aos hospitais tratar de patologias menores. Por
isso, a meta da Secretaria de Saúde é dobrar a cobertura dessas
equipes em Brasília. Até 2018, a intenção é passar dos atuais 30,7% para 62%.
Investimento em
médicos generalistas é uma das medidas
“No modelo convencional, o sistema de saúde trabalha de portas abertas,
atendendo a quem chega. No esquema do programa Saúde da Família, como
trabalhamos com uma população específica, o processo é inverso. É feita uma
busca ativa das pessoas para poder indicar ações que vão evitar ou minimizar as
chances dela adoecer e precisar de uma emergência”, explica o diretor da
Diretoria de Áreas Estratégicas para Atenção Primária da Secretaria de Saúde,
Sérgio Leuzzi.
Outra mudança para fortalecer a atenção primária, segundo Leuzzi, é
diminuir o atendimento de médicos especialistas. Ele cita que estudos validados
pelo Ministério da Saúde apontam que até 85% das queixas dos pacientes podem
ser resolvidas por generalistas. “Os países que avançaram na questão da atenção
primária começaram a entender a necessidade de ter mais profissionais
generalistas, que trabalhem a medicina como um todo”.
A abordagem também será diferente na forma como os profissionais recebem
as informações do usuário do sistema de saúde. No modelo tradicional, o
paciente tem a chamada recepção passiva, ou seja, ele limita-se a ouvir as
recomendações do médico para tratar determinas doenças. Já a atenção primária,
propõe o diálogo entre os pacientes e os profissionais para que as orientações
sejam compatíveis com o estilo de vida de quem está doente. “Óbvio que, como
médico de família, quero saber se o meu paciente hipertenso está reduzindo o
sal na comida, mas vou além. Vou querer saber como ele está, pois problemas
profissionais ou familiares influenciam diretamente na doença dele”.
A importância da
capacitação dos profissionais de saúde
De acordo com o coordenador de Atenção Primária da Secretaria de
Saúde, Marcos Quito, a expansão do modelo não se dará apenas na estrutura.
Todos os profissionais que já trabalham com saúde da família serão capacitados.
“Vamos incentivá-los a fazer pós-graduação em nível de especialização, oferecer
cursos e outras formas de capacitação. Além disso, vai haver uma melhora nos
mecanismos para que os profissionais registrem esses atendimentos em um sistema
desenvolvido para a atenção primária”.
Cada equipe de estratégia da família é formada por um médico, um
enfermeiro, dois técnicos de enfermagem e cinco agentes comunitários de saúde.
No modelo a ser implementado, esse grupo ficará responsável pelos cuidados dos
moradores de uma microrregião. A ideia é que os pacientes conheçam os
profissionais de saúde e saibam onde eles atendem. “Nos países em que o
fortalecimento da atenção primária se deu de forma correta, houve uma redução
significativa inclusive nos índices de mortalidade infantil. Aqui não será
diferente”, ressalta Marcos Quito.
"Anualmente o governo investe R$ 138 milhões na atenção primária e R$ 148
milhões para a manutenção das seis unidades de pronto atendimento (UPAs) do DF."
A gestão das UPAs será feita de forma compartilhada com organizações
sociais, bem como todo o modelo de atenção básica de Ceilândia.
No curto e no médio prazo, os recursos destinados para a o modelo não sofrerão
alterações significativas, mas a longo prazo, a expectativa é que o Estado
economize entre 20% e 30%.
Agência Brasília