As Olimpíadas têm poderes sobrenaturais
sobre as pessoas. Não à toa, os jogos remetem ao Olimpo dos deuses. De meros
espectadores, nos transformamos, ainda que momentaneamente, em torcedores
fanáticos. O espírito esportivo brota aos borbotões, sensibilizando até o mais
bruto dos mortais. Infelizmente, o sentimento é fugaz.
Em pouco tempo, os brasileiros devem esquecer os feitos milagrosos de ginastas, judocas e jogadores que, a despeito da falta de apoio que o Brasil confere aos esportes, conseguiram superar atletas de nações desenvolvidas, onde sobram incentivo e educação. Em breve, corremos o risco de voltar nossos olhos à monocultura do futebol masculino, da qual, aliás, herdamos o péssimo hábito de vaiar adversários.
Confesso que temi por mais um embaraço nacional com a realização dos Jogos Olímpicos Rio 2016. Afora algumas piscinas esverdeadas, um técnico morto, atletas assaltados, uma câmera de 600 quilos que despencou sobre espectadores, equipamentos surrupiados e condições precárias da Vila Olímpica — que, dizem, foram resolvidas —, não há mais do que se envergonhar. Será?
O espetáculo de abertura foi belíssimo. Emocionou a todos e devolveu o orgulho perdido de ser brasileiro. O show foi ovacionado por grande parte da imprensa internacional, apesar de ter sido considerado uma zombaria por um periódico alemão (eles insistem em continuar nos goleando), que achou hipocrisia a ode à sustentabilidade num país que sacrificou uma onça-pintada na passagem da tocha pela Amazônia, construiu um campo de golfe em área de preservação ambiental e navega na imundície da Baía da Guanabara.
Há que se levar em conta as considerações e os erros. E, sobretudo, aprender com eles. Afinal, o Brasil é um país jovem. Ainda há tempo para reverter o curso da história. Os nossos atletas estão fazendo a sua parte. Cabe a nós pegarmos embalo no espírito esportivo para aproveitar o que as Olimpíadas têm a nos ensinar. A defesa ao meio ambiente foi um belo tema para a festa, então está na hora de praticá-la, de verdade, todos os dias. Já que nossa torcida é acalorada, vamos usar tal fervor para exigir educação de qualidade e apoio ao esporte, cuja essência é “saber perder sem jamais desistir da vitória”. Se esse sentimento permanecer depois da Rio 2016, talvez os deuses do Olimpo perdoem nossas pequenas falhas.
Em pouco tempo, os brasileiros devem esquecer os feitos milagrosos de ginastas, judocas e jogadores que, a despeito da falta de apoio que o Brasil confere aos esportes, conseguiram superar atletas de nações desenvolvidas, onde sobram incentivo e educação. Em breve, corremos o risco de voltar nossos olhos à monocultura do futebol masculino, da qual, aliás, herdamos o péssimo hábito de vaiar adversários.
Confesso que temi por mais um embaraço nacional com a realização dos Jogos Olímpicos Rio 2016. Afora algumas piscinas esverdeadas, um técnico morto, atletas assaltados, uma câmera de 600 quilos que despencou sobre espectadores, equipamentos surrupiados e condições precárias da Vila Olímpica — que, dizem, foram resolvidas —, não há mais do que se envergonhar. Será?
O espetáculo de abertura foi belíssimo. Emocionou a todos e devolveu o orgulho perdido de ser brasileiro. O show foi ovacionado por grande parte da imprensa internacional, apesar de ter sido considerado uma zombaria por um periódico alemão (eles insistem em continuar nos goleando), que achou hipocrisia a ode à sustentabilidade num país que sacrificou uma onça-pintada na passagem da tocha pela Amazônia, construiu um campo de golfe em área de preservação ambiental e navega na imundície da Baía da Guanabara.
Há que se levar em conta as considerações e os erros. E, sobretudo, aprender com eles. Afinal, o Brasil é um país jovem. Ainda há tempo para reverter o curso da história. Os nossos atletas estão fazendo a sua parte. Cabe a nós pegarmos embalo no espírito esportivo para aproveitar o que as Olimpíadas têm a nos ensinar. A defesa ao meio ambiente foi um belo tema para a festa, então está na hora de praticá-la, de verdade, todos os dias. Já que nossa torcida é acalorada, vamos usar tal fervor para exigir educação de qualidade e apoio ao esporte, cuja essência é “saber perder sem jamais desistir da vitória”. Se esse sentimento permanecer depois da Rio 2016, talvez os deuses do Olimpo perdoem nossas pequenas falhas.
Por: Simone Kafruni – Correio Braziliense – foto/Ilustração:
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