A obra particular fica onde deveria haver apenas um bosque - Morador decide construir área de lazer
em frente ao bloco onde mora, na 316 Sul. Quadra já tem outros dois parques
infantis, que precisam de reforma
A construção de um parquinho infantil na 316 Sul provocou polêmica entre os moradores da quadra. A obra prossegue sem a licença da Administração Regional do Plano Piloto em meio à área verde da quadra, onde deveria haver só um bosque. As estruturas, suspeitas de divergirem da concepção dos demais parques da região administrativa, estão em uma área tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). E a superquadra já tem dois parques para o lazer das crianças.
O primeiro projeto para o novo parque de diversões
chegou à administração regional em junho. O parecer técnico da pasta foi o
seguinte: “Entendemos que a instalação de equipamentos e mobiliário urbano
deverá ser motivada por abaixo-assinado das edificações envolvidas e da prefeitura
comunitária”. A proposta definitiva, enviada ao órgão em outubro, apresentou o
aval de cerca de 40 moradores, com nomes e endereços descritos, segundo a
administração. Síndicos dos blocos da superquadra, porém, afirmam que nunca
foram contatados. O Correio não teve acesso ao documento. A prefeitura
comunitária, que também deveria deliberar sobre o assunto, está desativada. O
Conselho Comunitário da Asa Sul não tinha conhecimento da proposta até o início
das obras.
A obra particular é financiada por Tiago Cedraz,
filho do presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Aroldo Cedraz.
Ela custará R$ 19 mil e apresenta apenas Cedraz como responsável pela
construção e manutenção do espaço. A superquadra tem 11 blocos e mais de 300
moradores. A administração regional concedeu, em novembro, a licença para a
execução do projeto. A autorização designa a instalação do parquinho infantil
em frente ao Bloco D da 316. Iniciou-se a construção, entretanto, na área
frontal ao Bloco C, onde Tiago Cedraz mora. A obra está localizada, ainda, em
área verde, composta por árvores frutíferas.
“Invasão”
Moradores não escondem a indignação.
“Particularizar espaços de lazer para cada bloco fere o tombamento de Brasília,
porque desagrega o espaço de integração comunitária”, afirmou a subsíndica do
Bloco E, Dioney Magalhães. “Configura-se como invasão de uma área pública,
porque não houve um consenso sobre o tema. Percebemos que o pleito é apenas do
requerente, ao observar que ele custeará tudo. Por que não nos juntamos e
canalizamos os subsídios para revitalizar os pontos de convivência que estão em
péssimo estado, em vez de construir uma estrutura quase particular?”,
acrescentou a síndica do Bloco I, Regina Guimarães.
O Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT)
emitiu uma recomendação. O documento destinado à Administração Regional da
cidade e assinado pela promotora Marilda dos Reis Fontinele determina que, “por
apresentar concepção divergente dos demais parques das superquadras, além de
situar-se em um conjunto urbanístico tombado, as obras sejam paralisadas até
que a Promotoria de Justiça de Defesa da Ordem Urbanística se manifeste sobre o
mérito da intervenção”.
Administrador do Plano Piloto, Marcos Pacco acatou
as especificações do documento e garantiu que não haverá continuidade da
construção do parque infantil em frente ao Bloco C. “Conversaremos com todos os
moradores e, juntos, decidiremos sobre a mudança da obra para o local
autorizado: a área frontal do Bloco D. Emiti a licença para a intervenção
porque o parque seria móvel, com brinquedos de plástico, o que não fere o
tombamento das superquadras”, alegou. O Correio procurou a assessoria de
comunicação de Tiago Cedraz, na quinta e na sexta-feira. Até a noite de ontem,
não houve retorno.
Por Ana Viriato – Foto:Luis Nova/Especia para o Correio Braziliense
Absurdo!
ResponderExcluirSou moradora da quadra. Realmente os parquinhos existentes estão em pessimas condições. Não houve consulta aos moradores.
ResponderExcluirSou contra esta construção - e ninguém sabe se será ou não aberta à comunidade