Ideia surgiu
no Distrito Federal em 2016, após pacientes se conhecerem em clínica de
Taguatinga e trocarem experiências. Grupo já conta com 65 mulheres de Minas
Gerais, DF e Goiás.
Em maio de
2016, um grupo de mulheres se conheceu em uma clínica oncológica de Taguatinga,
no Distrito Federal. Na época, todas tinham o diagnóstico de algum tipo de
câncer, e começaram a conversar durante uma sessão de quimioterapia,
compartilhando experiências. De acordo com elas, a troca de informações e o
apoio das novas amigas foram alguns dos melhores remédios na luta contra a
doença.
"Sempre
nos incentivaram a conversar com outros pacientes na clínica", contou a
bancária Gisele Damasceno Pereira, de 31 anos, uma das primeiras integrantes.
Diagnosticada com câncer de mama ano passado, a jovem contou ao G1 que chegou a fazer 16 sessões de quimioterapia,
além de 28 sessões de radioterapia e uma cirurgia para retirada das duas mamas
e parte de uma das axilas.
"Durante
o tratamento a gente se sente perdido no meio do mundo, pensa que só a gente
tem essa doença. Com o grupo, descobre que não. O que eu estou passando, outra
pessoa também está. Compartilhar as dores e as vitórias é um estimulo para
superar aquela fase", afirmou.
Quase um ano
depois, a bancária está curada, voltou ao trabalho e faz acompanhamento médico
com visitas ao consultório a cada três meses. Já o grupo, batizado de
"Vencedoras Unidas", conta com mais de 60 mulheres, entre elas
pacientes do DF, Minas Gerais e Goiás. "Sempre que estou triste, coloco no
grupo, aí elas me confortam. Mas as alegrias também são comemoradas",
disse Gisele.
“Falamos
sobre a importância de nos sentir bonitas durante o tratamento. Usar ou não
lenço ou peruca. Reconstruir ou não a mama e sexualidade”, contou outra
integrante, Daniela Machado, diagnosticada aos 32 anos de idade com câncer de
mama.
Mulheres de grupo de apoio para
enfrentar tratamento de câncer se reúnem em Brasília (Foto: Ana Morena/Arquivo
pessoal)
Dia Mundial
do Câncer
Neste sábado
(4) é comemorado o Dia Mundial do Câncer, data instituída em 2005 pela União
Internacional para o Controle do Câncer (UICC). De acordo com o Instituto
Nacional de Câncer (Inca), o objetivo é "fazer com que o maior número de
pessoas ao redor do planeta fale sobre a doença".
E
"falar" pode ser mesmo um dos melhores remédios. Para a enfermeira
oncológica Sabrina Capita, que fez o acolhimento de algumas das pacientes que
integram o grupo, compartilhar as experiências com outras pessoas que passam ou
passaram pela mesma situação, pode mudar a forma como se encara o tratamento.
"As
pacientes chegam com muito medo e o grupo dá esse suporte. É diferente de se
abrir com alguém da [área de] saúde. Elas compartilham com outras mulheres que
estão em um momento igual ao dela, trocam experiências e se ajudam",
contou.
Para a
enfermeira, a alegria que o ato de ajudar outras pessoas cria foi primordial no
tratamento delas. “Elas passaram por todas as etapas de cabeça erguida,
mostraram a careca e, apesar de tudo que passaram, sempre ajudaram outras
pessoas, mesmo quando estavam em tratamento. Isso foi muito importante para que
elas seguissem a vida e vencessem a doença”, afirmou.
Algumas das mulheres integrantes
do grupo de apoio 'Vencedoras Unidas', em Brasília (Foto: Ana Morena/Arquivo
pessoal)
Também
integrante e uma das criadoras do "Vencedoras Unidas", Ludmila
Bernardes teve o diagnóstico de câncer há dez meses e segue em tratamento. De
acordo com ela, a pretensão do grupo é crescer e ajudar ainda mais pessoas.
"Vamos criar oficinas de beleza, encontros para discutir temas como
sexualidade e vaidade”, afirmou.
Quem tiver
interesse em conhecer o trabalho do grupo, pode entrar em contato pelos
telefones (61) 98134-0445 ou (61) 98199-8322.
Por Vinicius Werneck, G1 DF