Investigações sobre a obra do Mané Garrincha que culminaram na prisão de importantes nomes da política do DF podem levar à reconstrução de alianças para a corrida ao Buriti e até mesmo abrir espaço a nomes alternativos
*Por Ana Viriato
As menções na Lava-Jato e a prisão temporária, na Operação Panatenaico, dos ex-governadores Agnelo Queiroz (PT) e José Roberto Arruda (PR), além do ex-vice-governador Tadeu Filippelli (PMDB), causaram reviravolta nas perspectivas relativas à corrida eleitoral pelo Palácio do Buriti em 2018. Com o desgaste da imagem de personagens importantes da política da capital, suspeitos de recebimento de propina e superfaturamento de obras no DF, as peças do jogo mudam — alianças iniciais se reconstroem e o espaço fica aberto para nomes alternativos.
Principal oponente de Rodrigo Rollemberg (PSB), Filippelli é o mais prejudicado pela deflagração das investigações. Após a absolvição na Justiça Eleitoral, o ex-vice-governador começou a vislumbrar a chefia do GDF. O peemedebista articulava com os deputados federais Izalci Lucas (PSDB) e Alberto Fraga (DEM), além do presidente do Diretório Regional do PTB, Alírio Neto, e chegou a gravar inserções do PMDB para tevês e rádios com críticas à atual gestão. Filippelli, no entanto, está preso desde a última terça-feira e, por isso, foi exonerado do cargo de assessor da presidência da República.
A perda do peemedebista é ganho, ainda que indireto, do trio integrado por Izalci, Fraga e Alírio. Os três, no entanto, se esquivam ao comentar o cenário eleitoral para o próximo ano. “Dizer que não há desgaste seria ingenuidade. Ainda assim, o PMDB é uma das maiores siglas quando falamos em fundo partidário e tempo na tevê. Tem de ver como a legenda vai se posicionar. O quadro muda todo dia, mas vamos manter as conversas para analisar qual a melhor composição”, afirma Alírio.
O tucano Izalci Lucas indica a necessidade de aguardar os desfechos da operação para definir um posicionamento sobre a situação de Filippelli. “Há uma repercussão frente ao eleitorado, mas não podemos condená-lo. Provada a inocência, o cenário muda”, avalia.
A coalizão dos políticos é a mesma que deu suporte às gestões de José Roberto Arruda e Joaquim Roriz. Para conquistar os cargos majoritários, o grupo precisará se desvincular dos dois ex-governantes, com históricos de envolvimento em escândalos de corrupção. O trio ainda costura alianças com o PPS, do senador Cristovam Buarque, e com Jofran Frejat (PR), que disputou as eleições com Rollemberg em 2014. O PPS declarou oposição oficial à atual gestão em fevereiro deste ano.
Reforma política
O futuro das articulações, no entanto, depende de resultados no Congresso Nacional em relação à reforma política. Caso a Câmara dos Deputados e o Senado aprovem o projeto que põe fim às coligações partidárias proporcionais, a tendência é que haja uma pulverização da disputa, com vasto número de candidaturas. Do contrário, é quase inevitável uma união de grupos rivais em uma única chapa.
Rogério Rosso, apesar de não ser alvo da primeira etapa da Operação, teve o nome ligado às irregularidades das obras do Estádio Nacional Mané Garrincha. A Procuradoria-Geral da República (PGR) decidirá se pede autorização ao Supremo Tribunal Federal (STF) para investigá-lo. Ele ainda é o presidente do Diretório Regional do PSD, do vice-governador Renato Santana. A sigla protagonizou diversas desavenças com o governo de Rollemberg e não esconde as diferenças com o chefe do Executivo local.
Ainda assim, Rosso evita falar sobre um rompimento para a próxima corrida eleitoral. “Apesar de algumas discordâncias, a relação entre PSB e PSD é harmônica. É cedo para fazer um prognóstico. Mas é possível que ocorra em Brasília o mesmo que aconteceu em São Paulo: a eleição de um outsider”, opinou, referindo-se ao empresário e prefeito da cidade, João Doria.
(*) Ana Viriato – Correio Braziliense – Foto/Ilustração: Blog-Google
Pois é Chiquinho, a coisa está uma droga. Está mais para: se ficar o bicho pega, se correr o bicho come.
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