Brasília, modelo de
sustentabilidade
*Por Circe Cunha
Brasília, mas precisamente o
chamado Plano Piloto, por seu desenho urbano racional e revolucionário,
poderia, com maior facilidade do que qualquer outra cidade brasileira, se
transformar na capital modelo de sustentabilidade, não só do país, mas do mundo.
Para isso, bastaria empenho firme e planejado dos futuros governos locais e da
população para, em uma década ou um pouco mais, substituir a frota de
veículos, que circula no Plano Piloto, movida a combustível fóssil, por energia
solar ou outra fonte de tecnologia não poluidora. Poderia também, com empenho e
planejamento, instituir o transporte público em todas as áreas da cidade,
eliminando os engarrafamentos e os seguidos acidentes de trânsito.
Poderia, por sua configuração
urbana, eleger a energia solar como principal fonte de energia da capital,
começando pelos prédios públicos. Poderia, com maior facilidade, incentivar a
captação de águas das chuvas em cada quadra residencial, estocando e
distribuindo essas reservas nos meses de estiagem.
Como anteriormente pensado, pelo
próprio Lucio Costa, cada unidade residencial deveria caminhar para a
autossuficiência na produção de hortaliças e frutas, transformando e adaptando
as áreas verdes para receber hortas comunitárias e pomares de diversas culturas.
Mais do que o modernismo nas linhas arquitetônicas, Brasília necessita agora
nestes tempos de mudanças climáticas e de crise hídrica, revolucionar o modo de
vida dos habitantes da cidade, dando exemplos de que é perfeitamente possível
transformar a cidade em um lugar moderno e adaptado aos novos tempos.
Vista e admirada do espaço pelos
astronautas que orbitam a Terra a bordo da Estação Espacial, o Plano Piloto tem
todas as condições para alçar o voo sonhado pelos idealizadores e se tornar a
capital da ecologia, abolindo velhos vícios e adotando modelos exemplares nos
processos de reciclagem, reaproveitamento de matérias-primas, eliminando os
lixões e os desperdícios, e preservando toda e qualquer fonte de água. Poderia
valorizar, incentivar e premiar ideias que ajudem na preservação do meio
ambiente e na adaptação dos habitantes da capital a um mundo que passa por
mudanças rápidas. Ideias, como as defendidas pela economia do compartilhamento
de bens, também podem ser incentivadas a partir das escolas. Aliás, é nas
escolas que todo esse movimento transformador tem de ser semeado o quanto
antes, porque os frutos dessa revolução só serão colhidos de fato daqui a
muitos anos.
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A frase que foi pronunciada
A frase que foi pronunciada
“Não concordo com uma só palavra
do que dizeis. Mas lutarei, até o fim, pelo vosso direito de dizê-las.”
(Voltaire, escritor e filósofo francês)
Retorno
Para quem tenta chegar à
Rodoviária Interestadual da parte norte da cidade, precisa andar quilômetros
para retornar. Isso porque a engenharia não quis fazer um retorno com recuo.
Mal calculado.
(*) Circe Cunha – Coluna “Visto,
lido e ouvido” – Ari Cunha – Correio Braziliense – Foto/Ilustração: Blog -
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