O parlamentar admite que foi influenciado por Renan
Calheiros em seu voto - Depois de o senador votar contra a reforma
trabalhista, Executivo exonera dois funcionários escolhidos por ele. Em agosto
do ano passado, ao defender um dos nomes, ele disse: "A melancia que eu
quiser eu vou indicar"
Um dos três votos da base aliada que ajudaram a
derrotar a reforma trabalhista em comissão do Senado, o senador Hélio José
(PMDB-DF) afirmou ontem ter sido alvo de retaliação do governo com a demissão
de dois indicados seus em órgãos do Executivo. Em um discurso de oposição,
acusou o presidente Michel Temer de chantagem e cobrou sua renúncia.
“Nós não
podemos permitir que o governo transforme votações em balcão de negócios. Esse
governo está podre. Esse governo corrupto tinha que ter vergonha na cara e renunciar”,
afirmou Hélio José.
O
peemedebista surpreendeu na terça-feira o governo ao votar contra o relatório
do senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) sobre a reforma trabalhista na Comissão de
Assuntos Sociais (CAS). Um texto alternativo, contra a reforma, foi aprovado
por 10 votos a 9.
Em agosto
do ano passado, o senador foi gravado em uma reunião da Secretaria de
Patrimônio da União (SPU) no Distrito Federal defendendo a nomeação do então
assessor Nilo Gonsalves para o cargo de superintendente do órgão. “Isso aqui é
nosso. Isso aqui eu ponho quem eu quiser, a melancia que eu quiser eu vou
colocar”.
Ontem ,
Gonsalves foi exonerado, e o tom do senador misturava queixa e ataque. “É
inadmissível, que um governo mergulhado nesse emaranhado de corrupção, tome
esse tipo de atitude de retaliação de quem quer fazer as coisas de forma
adequada. É uma falta de consideração”, afirmou.
Além de
Gonsalves, foi demitido também Vicente Ferreira, que deixou a Diretoria de
Planejamento e Avaliação da Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste
(Sudeco). “Acho que o governo está para o que der e vier. Eles enlouqueceram.
Pegar um senador da República e retaliar com duas indicaçõezinhas não é justo.
Não é um governo correto.”
Segundo
Hélio José, sua posição contrária à reforma já havia sido externada a
parlamentares do seu partido. Ele admite a influência do líder do PMDB, Renan
Calheiros (AL), em seu voto. O ex-presidente do Senado tem adotado posições
críticas às reformas propostas pelo governo.
Questionado
se houve alguma ameaça de que poderia perder cargos antes da votação na CAS, o
senador afirmou que o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), o havia alertado
para não votar contra a proposta. Ele disse, no entanto, que não havia
conversado com o correligionário após a votação de terça-feira.
"Eles enlouqueceram. Pegar um senador da República e retaliar com
duas indicaçõezinhas não é justo”
(Helio José,senador (PMDB-DF)
Correio Braziliense – Foto: Minervino
Junior/CB/D.A.Press