Marchand que ajudou a projetar artistas na cidade morreu aos 71 anos, em
São Paulo: por sua galeria, passaram nomes emergentes e consagrados da arte
brasiliense.
A notícia da morte de Celina Leite Ribeiro Kaufman, 71 anos, ocorrida
sábado em São Paulo, abalou o mundo artístico e cultural. Os familiares e
amigos puderam se despedir da galerista e marchand de arte ontem, durante o
velório no Cemitério São Paulo Cardeal, na capital paulista. Internada por duas
semanas no Hospital Sírio Libanês, Celina teve alta dias antes de sofrer uma
parada respiratória na noite de sábado. Ela era proprietária da Art&Art
Galeria, na QI 21, no Lago Sul, um espaço que reúne obras de artistas
consagrados e emergentes.
“Celina foi a primeira marchand a abrir espaço para minha arte em
Brasília”, diz o artista Toninho de Sousa, que depois de expor na capital na
década de 1980, levou sua pintura para Belo Horizonte e São Paulo, sempre com a
ajuda de Celina. “Ela vai fazer muita falta no segmento cultural da cidade”,
lamenta o pintor. Muitos outros artistas tiveram trabalhos lançados pela galerista,
como Tarcísio Viriato, Glênio Lima e Omar Franco. Antes disso, ela trabalhou
como jornalista na assessoria da Caixa Econômica Federal.
Extremamente religiosa, Celina professava a fé cristã mantendo em
perfeita harmonia um casamento ecumênico com o empresário Celso Kaufman, de
origem judia. “Ela era muito piedosa e, quando estava em Brasília, todas as
terças-feiras, levava pão para os pobres na Igreja Santo Antonio”, revela a
jornalista Marisa de Macedo Soares, amiga há mais de 30 anos, que muitas vezes
a acompanhava.
Além dos dons para a arte e a caridade, o enteado Gustavo Kaufman, 39,
também destacou o jeito que ela levava para fazer pratos e massas deliciosas.
“Foi uma pessoa única”, disse. Guga — como é chamado o empresário brasiliense a
quem Celina amava como filho —, contou que todos os amigos dela que moram em
São Paulo estavam presentes na cerimônia domingo e, no fim, houve uma salva de
palmas em forma de despedida quando o corpo baixou no jazigo da família Leite
Ribeiro.
“O velório foi como ela sempre quis. Pouca maquiagem, muitas flores e
muita serenidade. Foi muito forte”, contou. Segundo Guga, caridade e bondade
seriam duas palavras que a definiriam como pessoa. Doce e suave nas palavras de
Marisa, Celina Kaufman tinha uma presença marcante, apesar de discreta. Nascida
em Santos no dia 31 de dezembro, Celina se acostumou a dividir as homenagens
pelo aniversário com os festejos pela passagem do ano novo. A de 2017 foi a
última!
(*) Deborah Fortuna » Liana Sabo – Foto: Arquivo Pessoal -Correio Braziliense