Como as chuvas só devem voltar no
próximo mês, bombeiros pedem colaboração aos moradores para evitar que as
chamas atinjam a vegetação - Em 24 horas, entre
sexta e sábado, área queimada no DF chegou a extensão equivalente a 251 campos
de futebol
*Por Thiago Soares
A chegada da seca traz consigo o risco
potencial de incêndios florestais. Sem previsão de chuvas até o próximo mês, o
Corpo de Bombeiros está alerta para combater as chamas e segue com o trabalho
preventivo para reduzir ao máximo o impacto das queimadas. A umidade relativa
do ar deve se manter em patamares de emergência hoje, com mínima de 20% e
máxima de 70%, segundo previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet)
e, até o fim do período de estiagem, pode chegar a menos de 15%, considerado
estado de alerta pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Além da preocupação com a saúde, é
importante cuidar do meio ambiente. O cenário, este ano, começou mais animador
que o de 2017. Até a última semana de julho, a quantidade de áreas queimadas
havia reduzido 80%, com o primeiro grande incêndio registrado consumindo apenas
100 hectares de uma área verde do Park Way — número baixo se comparado aos 8,3
mil registrados no mesmo período do ano passado. Em junho, 228 hectares foram
consumidos pelo fogo, enquanto, em 2016, foram 1,2 mil hectares no mesmo mês.
Em julho deste ano, 1,4 mil hectares acabaram queimados, contra 5,9 mil em
2016. “O começo da seca foi mais tranquilo em comparação a 2016. Neste ano,
tivemos chuvas tardias, apesar de poucas, o que possibilitou que a vegetação se
mantivesse úmida”, observa Silva. Ele destaca, no entanto, que a seca mais
intensa do mês de agosto aumenta a possibilidade de queimadas.
Em julho, fogo atingiu região às margens da Estrutural
Cuidados
Mais de 90% das queimadas no DF são causadas pela ação do homem, segundo
o Corpo de Bombeiros. “Alguns chacareiros, por exemplo, na hora de fazer a
colheita costumam usar o fogo. Isso é ilegal e pode acarretar em um grande
incêndio”, detalha o tenente. Por isso, a corporação ofereceu capacitação a
algumas comunidades. No período antes da seca, foram ministrados cursos de
conscientização e oficinas ensinando como confeccionar um abafador de chamas,
para ser usado em caso de emergência.
Mesmo com o baixo registro até então, ainda é difícil projetar se as
queimadas aumentaram nos próximos meses, pois isso dependerá do tempo. O
Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) espera chuvas consideráveis apenas
em outubro. Em razão disso, o Governo do Distrito Federal declarou estado de
emergência ambiental até dezembro para minimizar a quantidade de incêndios.
Para este mês, também não há previsão de precipitações. “É um mês
historicamente com umidade relativa do ar bem baixa. Em setembro, ocorrem as
primeiras chuvas, mas de uma forma irregular”, detalha o meteorologista do
Inmet Hamilton Carvalho.
Animais
O fogo também atinge os animais que vivem nas áreas de vegetação da
cidade. Muitos deles conseguem escapar a tempo para outras áreas da vegetação,
porém, outros acabam morrendo ou feridos pelas chamas. Quando o Corpo de
Bombeiros identifica algum bicho em situação de risco ou com ferimentos, o
encaminha para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), órgão ligado
ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama).
Por lá, os animais recebem tratamento até se recuperaram totalmente.
Depois disso, são devolvidos à fauna ou encaminhados para zoológicos ou abrigos
autorizados espalhados pelo país. “Dependendo do estado desse bicho, ele é
encaminhado para o Hospital Veterinário da UnB. A prioridade máxima é recuperar
esse animal para ele ir se reintroduzindo na natureza. Não são devolvidos
aqueles que poderiam não sobreviver na natureza em virtude das sequelas”, diz
Antônio Wilson Costa, superintendente do Ibama no DF. No ano passado, o Cetas
recebeu dois animais vítimas de incêndio, um jabuti e um veado. Nenhum
sobreviveu.
Há situações em que a Polícia Ambiental e o Corpo de Bombeiros
encaminham os animais para o Zoológico de Brasília. A zootecnista Ana Raquel
Gomes, responsável pelo setor de Nutrição Animal, explica que, nesse período, é
mais comum receber filhotes que são encontrados após os incêndios. Nesses
casos, eles recebem abrigo até terem condições de serem liberados na natureza
ou irem para um abrigo. No ano passado, o local recebeu um filhote de veado
queimado. “Ele perdeu parte da orelha, uma parte do casco e teve a visão
afetada. O bicho passou por um tratamento oftalmológico e hoje está
recuperado”, lembra.
Ontem, o Corpo de Bombeiros combateu chamas próximo ao CCBB
Precaução
Veja quais são as orientações do Corpo
de Bombeiros para evitar incêndios florestais - Não jogue restos de
cigarro ou lixo às margens das rodovias - Não queime lixo - Evite
fazer fogueiras. Se fizer, limpe o local adequadamente - Solicite o
serviço das administrações regionais para fazer a limpeza de áreas
públicas - Se for fazer algum tipo de queimada na propriedade, alerte os
órgãos ambientais - Acione o Corpo de Bombeiros pelo 193 em caso de chamas
(*) Thiago Soares - Fotos CBMDF -
Correio Braziliense