Em depoimento à Procuradoria Geral da República (PGR), o doleiro Lúcio
Funaro, considerado o operador de propina do PMDB, colocou o ex-vice-governador
Tadeu Filippelli (PMDB) no fogo, ao citar que ele teria recebido propina para
ajudar o grupo do empresário Henrique Constantino, da Gol Linhas Aéreas e da
Viação Piracicabana, que opera uma das bacias do sistema de transporte público
do DF. As informações foram divulgadas pelo DFTV, da TV Globo.
A redução de impostos sobre o combustível de aviação ocorreu em 2013,
quando Filippelli era o número 2 do Palácio do Buriti. Na época, o governador
Agnelo Queiroz fez grande anúncio, exaltando que a medida atrairia mais voos
para Brasília. Dos 25% que eram cobrados, o DF passou a receber apenas 12% do
ICMS, o que tornou o abastecimento na capital atrativo para as empresas aéreas,
incluindo a Gol, que, conforme a TV Globo noticiou, pagou ao
ex-vice-governador.
Na delação, Funaro teria dito que a redução foi um
pedido de Constantino a Filippelli. O impacto, ele teria ressaltado ainda,
diminuiu sensivelmente os custos de operação para a empresa.
O grupo de Constantino teria se beneficiado ainda dos préstimos do
peemedebista, que teria, conforme a reportagem, fraudado a licitação para
renovação da frota do transporte público, cuja empresa Piracicabana passou a
operar uma das cinco bacias da capital. Neste caso, Funaro diz que o
ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) teria intermediado a atuação de Filippelli
para beneficiar a Piracicabana. O JBr. revelou na época a fraude
na licitação com exclusividade.
Até esta publicação, a reportagem não conseguiu contato com Filippelli,
cujo celular está sempre na caixa de mensagem. A defesa dele disse à TV Globo
que só se pronunciaria quando tivesse acesso a todo o conteúdo em questão.
Henrique Constantino não foi localizado e a assessoria de imprensa da
Piracicabana não se manifestou até a conclusão da edição.
A delação de Funaro foi homologada pelo ministro Edson Fachin, do Supremo
Tribunal Federal (STF), mas permanece em sigilo. Nos depoimentos, o operador
afirmou que trabalhou na arrecadação de dinheiro para as campanhas do PMDB em
2010, 2012 e 2014 e estima ter conseguido R$ 100 milhões para o partido e
siglas coligadas.
Saiba mais
· A licitação do transporte público no DF vive entre
polêmicas, desde sempre. Recente decisão judicial, inclusive, suspende o
certame que dividiu a capital em cinco bacias de operação e renovou a frota. Na
época, Filippelli também era o vice-governador do DF e acompanhou de perto todo
o processo.
· No mês passado, o Tribunal de Justiça
do DF anulou a licitação referente às linhas de ônibus que atendem às bacias 1,
2 e 4, cujos contratos foram firmados em 2011, entre o Governo do Distrito Federal
e as viações Piracicabana, Pioneira e Marechal.
Fonte Jornal de Brasília - Foto: Kléber Lima