Raquel Dodge não está dando refresco à corrupção
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge,
apresentou um parecer ao Supremo Tribunal Federal (STF) defendendo a
continuidade de uma denúncia apresentada pelo seu antecessor, Rodrigo Janot,
contra o senador Romero Jucá (PMDB-RR). O documento é uma resposta a uma
manifestação da defesa do senador, que havia questionado diversos pontos da
denúncia.
O parlamentar é acusado de ter cometido corrupção
passiva e lavagem de dinheiro a partir da Operação Zelotes, que apura fraudes
no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), o tribunal de recursos
da Receita Federal. Ele teria recebido R$ 1,3 milhão em doações eleitorais da
Gerdau, por meio do PMDB, em troca de favorecer a empresa na votação de medidas
provisórias.
SEM PROVAS??? – A defesa de Jucá alegou
que a denúncia não esclarece “clara e individualizadamente, as condutas
descritas como crime de corrupção passiva e delito de lavagem de capitais” e
que não há provas de Jucá foi beneficiado pelas doações nem de que ele ocultou
ou dissimulou o recebimento dos valores.
Raquel defendeu, contudo, que “os crimes de
corrupção ativa, passiva e de lavagem de dinheiro foram suficientemente
descritos, com suporte em elementos de fato, inclusive com indicação dos
respectivos atos de oficio, assim como foram comprovados”.
“Ao contrário do alegado pela defesa, a denúncia
expõe os fatos imputados, com todas as suas circunstâncias, inclusive com a
indicação dos respectivos atos de ofício praticados pelo Senador, a
qualificação dos denunciados e a classificação dos crimes”, argumenta a
procudora-geral.
DEFESA DE GERDAU – A defesa de Jorge Gerdau,
que também foi alvo da mesma denúncia, apresentou pedido semelhante, e Raquel
respondeu com os mesmos argumentos.
“A Procuradora-Geral da República requer a rejeição
das preliminares suscitadas pelo acusado e o integral recebimento da denúncia,
com a citação do acusado e o início da instrução processual penal, até final
condenação”, escreveu nos dois casos.
***
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Como Raquel Dodge era adversária de Janot, o presidente Temer a
indicou como procuradora-chefe. Contava com a compreensão dela, para reduzir os
estragos da Lava Jato. Mas até agora deu tudo errado, porque Raquel Dodge tem
confirmado os pareceres de Janot e mandou prosseguir investigações sobre o
próprio Temer, perdido nas curvas da estrada das Docas de Santos, diria Roberto
Carlos. (C.N.)
Daniel Gullino e André De Souza
O
Globo – Tribuna da Internet