A base
é sair do turismo contemplativo”, definiu a cofundadora do Experimente
Brasília, Tatiana Petra, de 40 anos. “Ele engaja moradores e empreendimentos
locais a ir além do óbvio e revelar a alma da cidade por meio de experiências e
produtos.” Foto: Toninho Tavares/Agência Brasília
Produtos brasilienses expostos em loja de lembranças: título coloca
cidade em novo patamar no turismo
*Por Otávio Augusto
Gesto da Unesco é um reconhecimento da capital como um polo de design.
Agora, DF integra rede formada por 116 cidades de 54 países que atuam em
cooperação para aprimorar as estratégias de desenvolvimento por meio de sete
pilares
Ao abrir o concurso nacional de projetos para a construção da nova
capital federal, o Brasil protagonizou um dos grandes momentos da arquitetura e
do urbanismo mundial. Visões arrojadas, inovadoras. Projetos viáveis, outros
nem tanto. Lucio Costa entrou para a história com um desenho capaz de
impressionar visitantes de primeira hora. Mais de 60 anos depois, a cidade
continua a encher os olhos. Ontem, ela recebeu o título de Cidade do Design,
concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura
(Unesco). Com isso, passa a integrar uma espécie de grupo de fomento a economia
criativa no mundo.
A Unesco distingue as cidades em sete categorias. Na categoria design,
estão incluídos setores como arquitetura, decoração, moda, arte de rua e design
gráfico. Às vésperas de completar 30 anos como Patrimônio Mundial da Unesco, em
dezembro, a arquitetura e o urbanismo continuam como o principal atributo da
cidade. O título significa um novo posicionamento para Brasília no turismo
mundial.
Para se ter dimensão do protagonismo da cidade nesse setor, em uma busca
rápida na internet com as palavras “Brasília + turismo”, aparecem mais de 11,3
milhões de resultados. “Temos que mostrar para o mundo uma Brasília diferente
da estigmatizada pelos acontecimentos políticos. Somos uma cidade moderna, uma
capital cosmopolita”, destaca o secretário de Turismo, Jaime Recena.
O GDF pretende atrair mais turistas e ter atrativos para que fiquem aqui
por mais tempo na cidade. “Brasília tem vocação para o turismo, sobretudo para
o de eventos por causa do posicionamento geográfico. O desafio é mostrar que é
possível fazer turismo de lazer na cidade. As pessoas podem vir aqui para
desfrutar de 70 parques urbanos, com uma qualidade de vida importante e um
índice de violência entre os melhores do país”, conclui o secretário.
Padrão internacional
O título coloca Brasília no patamar de destinos como Cidade do Cabo
(África do Sul), Cidade do México (México), Dubai (Emirados Árabes Unidos) e
Istambul (Turquia). “Brasília representa um movimento de vanguarda. A cidade é
conhecida por isso internacionalmente. A unicidade que determina o
posicionamento turístico do lugar e neste sentido, temos um design
característico que nos faz um destino pulsante e modernista”, explica a
Patrícia Herzog, fundadora do Experimente Brasília, projeto de valorização
cultural da cidade.
Patrícia acredita que para tornar a cidade ainda mais atrativa é preciso
valorizar diferenciais associados à diversidade cultural, criatividade,
arquitetura moderna, mobilidade e acessibilidade. “Temos que ampliar lugares
atrativos, fomentar a produção cultural, escoar produtos característicos daqui.
O pensamento é que se a cidade que é boa para o morador, é boa para qualquer
visitante. E nós temos esse diferencial competitivo”, acrescenta.
A capital lançou a candidatura a classificação em junho, ao lado de
Curitiba. No Brasil, cinco cidades fazem parte da rede —Belém e Florianópolis
(em gastronomia), Curitiba (design), Salvador (música) e Santos (cinema). Este
ano, também entraram para a rede Paraty (RJ), na categoria gastronomia; e João
Pessoa (PB), em artesanato e artes folclóricas. A cada dois anos, são abertas
candidaturas. Brasília entrou com um pleito em 2015 na área da música, mas não
conseguiu a indicação.
Para saber mais - Práticas
inovadoras
Desde 2004, a Rede de Ciências Criativas da Unesco destaca a
criatividade de seus membros em sete áreas: artesanato e arte Popular, design,
filme, gastronomia, literatura, artes da mídia e música. Atualmente conta com
180 cidades em 72 países. Embora diferenciem geograficamente, demograficamente
ou economicamente, todas as cidades criativas se comprometem a desenvolver e
trocar boas práticas inovadoras para promover indústrias criativas, fortalecer
a participação na vida cultural e integrar a cultura em políticas de
desenvolvimento urbano sustentável. No âmbito da implementação da Agenda 2030
das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável e da Nova Agenda Urbana, a
Rede oferece uma plataforma para que as cidades demonstrem o papel da cultura
como facilitadora da construção de cidades sustentáveis.
(*) Otávio Augusto - Foto: Hélio Montferre/CB/D.A.Press – Correio
Braziliense