Joe
Valle,
presidente da Câmara Legislativa
Como será a votação do crédito deR$ 1,2 bilhão no orçamento deste
ano, marcada para o próximo dia 15. Ainda haverá discussão sobre as
destinações?
Tenho um compromisso de fazer uma discussão clara
de todo o processo. Então, a partir de nove de janeiro, já estarei reunido com
os técnicos da Casa. Nós vamos destrinchar todo o processo para explicar para
os deputados do que se trata. Efetivamente, nós temos uma escuta muito boa que
foi o “Câmara em Movimento”, que elencou uma série de prioridades em termos de
obras na saúde, educação e cultura que vamos fazer incluir como sugestão.
Avaliando o orçamento com a fusão dos fundos de
previdência, dá para pensar em reajuste para os servidores?
Não fiz nenhum estudo mais aprofundado nesse
sentido, mas votamos muitas matérias que representam aumento de receita para o
governo. Estou fazendo um levantamento de quanto o governo arrecada a mais em
função de todos os impostos que votamos na Câmara para ter um posicionamento
claro. Mas essa é uma decisão política do Executivo. Me lembro de uma época em
que o secretário de Fazenda já tinha equacionado todo o processo de aumento da
Polícia Civil e nos colocou claramente na mesa que era uma decisão política do
governador. Naquele momento, ele tomou a decisão de não dar o aumento para os
policiais civis.
Este será um ano duro nas relações entre Executivo
e Legislativo?
Não quero dizer nem mais difícil, nem mais fácil.
Mas nós vamos dar o tom desse processo. Estamos trabalhando com autonomia e
harmonia. Autonomia não significa necessariamente oposição sistemática e
harmonia não significa subserviência. Vamos continuar fazendo nossas propostas,
fazendo emendas porque acredito que podemos melhorar os projetos que o governo
manda.
Mas em termos de relações entre você e o governador
Rodrigo Rollemberg, depois dos embates do fim do ano, dá para dialogar?
Claro. Sempre dialogo. Tenho uma postura muito
conciliadora. Esse é o meu perfil. A minha relação com o Executivo é
institucional. Mas não quer dizer que projetos vão entrar de noite e serem
votados no outro dia.
Na campanha, você vai trabalhar contra a reeleição
de Rollemberg?
Estou trabalhando um formato de um grupo que
governe Brasília da forma que seja boa para as pessoas. Posso ter o melhor
técnico do mundo que ache que tudo deve ser feito de uma forma, mas se não
tiver um governo que traga prosperidade, a austeridade pode matar tanto quanto
a falta de organização. A gente quer um governo que tenha austeridade no seu
DNA, mas que seja próspero.
Não é este atual governo?
Não tem sido esse governo que está implantado. Tem
excelentes técnicos, sem dúvida nenhuma, excelentes secretários. Mas no meu
entendimento, de quem gosta de gestão e acompanha o cumprimento de propostas,
não está legal. Isso me leva a buscar a construção de uma nova alternativa.
Você disse outro dia que está na fila para ser
candidato a governador. Essa fila vai andar agora?
A fila vai andar, não sei se agora. Esclareci
também que tinha Jofran (Frejat) na minha frente, o próprio governador, e
outras pessoas. Mas a fila está andando e, em nenhum momento, vou tirar meu
nome desse processo. Estou pronto, trabalhando para governar essa cidade, não
necessariamente como governador. Essa oportunidade não me foi dada no governo
Rollemberg, mesmo depois do gesto de eu ter saído da Câmara e ido para a
secretaria. Mas não me foi dada a oportunidade de tomada de decisão.
Ana Maria Campos - Coluna “Eixo Capital” – Foto: Antonio
Cunha/CB/D.A.Press - Correio Braziliense