Willana veio de Teresina para as festas e aproveita para conhecer aos
cartões-postais de Brasília:"Foi incrível! Ano que vem quero voltar",
diz ela
*Por Mayara Subtil
Fortes chuvas não impediram o brasiliense de procurar os pontos
turísticos da cidade para comemorar o primeiro dia de 2018 e confraternizar com
a família e amigos. Sentimento comum era de esperança em tempos melhores
Fazer uma caminhada, jogar uma partida de vôlei com os amigos ou
aproveitar para conseguir dinheiro extra. Foram essas as formas que os
brasilienses encontraram para usufruir do primeiro dia de 2018. Ontem, apesar
do comércio quase todo fechado — somente farmácias e padarias abriram, por
conta do feriado — e da forte chuva que encobriu a cidade, não houve desculpa
para ficar parado.
O Correio percorreu pontos como a Torre de TV e a área de lazer da Ponte
JK para saber como andava a rotina da população no primeiro dia livre do ano.
Logo no começo da tarde, comerciantes se ajeitavam na entrada da Torre de TV
para conseguir encontrar um lugar de referência e conquistar clientes. Brincos,
colares, lembranças de Brasília, além de pipoca e sorvete, eram as opções
disponíveis. As lojas da Torre ficaram fechadas.
O cartão-postal da cidade, com a frase “Eu amo Brasília” e a fonte ao
fundo, era uma atração à parte. A entrada para ter a melhor vista da Esplanada
dos Ministérios também estava aberta. A procura era tanta que, em poucos
segundos, a fila para subir na Torre formava um caracol gigante.
Quem aproveitou o movimento foi o comerciante Carlos Roberto Costa, 51
anos. O carioca, que vende sorvetes e picolés por R$ 3,50 há cinco anos pela
região, e sempre que acontece uma grande festa, diz que não passa uma virada de
ano sem trabalhar. Para ele, é a época que mais rende. “Normalmente, ganho
entre R$ 50 e R$ 100 por dia. Hoje, já passei dos R$ 100”, confirmou.
André e Amanda querem continuar juntos e apostam nas eleições deste ano:
esperança é de mudanças
A artesã Ádine Souza, 39, também não perde tempo nos fins de semana,
feriados e época de férias. Ela sai às 8h de casa, na Estrutural, sem previsão
de volta. As pulseiras e os brincos, com preços entre R$ 5 e R$ 20, são feitos
por Ádine há mais de 20 anos. “Eu amo isso aqui. É minha vida. É complicado
quando a fiscalização bate e você tem que sair correndo. Só faço meu trabalho
honestamente.” A única folga, segundo ela, é na hora da virada. “Costumo ficar
nesse dia com a família, mas, no dia seguinte, estou na rua. Para mim não
existe feriado”, disse.
O casal de namorados André Brito, 36, e Amanda Sales, 24, queria apenas
sossego no feriado de ontem. Juntos há quatro anos, eles preferem as pistas de
caminhada e as academias da Torre de TV e do Parque da Cidade. “Ontem (31 de
dezembro) bebemos um pouco, então o jeito era passar o dia mais tranquilo. Nós
gostamos muito de fazer atividade juntos”, frisou o atacadista. André e Amanda
passaram o réveillon na Ponte JK. Para 2018, sonham continuar juntos. “Quero
que a relação avance. Tenho esperanças também com as eleições”, disse Amanda.
A Ponte JK não foi procurada pelo brasiliense apenas para a passagem de
ano. No dia seguinte, houve quem reunisse a família para um banho, deixar as
crianças brincarem nas margens do lago ou montar um churrasco improvisado. Para
os primos João Paulo Pereira, 24, e Willana Denyle, 20, foi o dia de tirar
fotos no famoso cartão-postal. “Ela (Willana) é de Teresina e tem uns dois anos
que não vem para cá. Tenho que aproveitar o tempo curto dela aqui”, disse o
rapaz, que é formado em direito.
Willana contou que ambos passaram o réveillon — o primeiro dela na
capital federal — no Pontão do Lago Sul. “Foi incrível. É tranquilo, não vimos
brigas ou confusão. Ano que vem quero voltar”, planejou. Para o ano, ela deseja
colocar os planos profissionais em prática. “Daqui a pouco vou me formar
também, só que em pedagogia. Quem sabe a situação do país melhora, né?”,
questionou a auxiliar administrativo.
Músicos, Marisil e Adriano brindam à amizade: "Pequenos momentos de
folga são importantes", diz Marisil
As esperanças por um ano tranquilo também circundam a família Mendes,
moradora de São Sebastião. A expectativa é que 2018 seja um ano de melhorias.
“Eu, por exemplo, adoro a Copa do Mundo e acho que o Brasil, do jeito que está,
precisa desse respiro”, disse a estudante de biomedicina Erica Mendes, 18. Ela,
o namorado, o administrador Edson Júnior, 22, e a tia, a servidora pública
Eliene Mendes, 40, também resolveram passar o dia caminhando pela Ponte JK. Na
companhia da cadela Linda, 10, Eliene afirmou que passou a virada separada da
família. “Fui para a igreja e eles ficaram em casa”, contou.
Mais brindes
Parte dos bares brasilienses abriu as portas no feriado. No Libanus, na
206 Sul, o movimento era grande. Além de famílias, amigos resolveram deixar a
conversa de celular de lado para confraternizar. É o caso dos servidores
públicos Marisil Teles, 47, e Adriano Maurício Gomes, 46. “Quase não vejo o
Adriano. Esses pequenos momentos de folga são importantes”, disse Marisil, que
é amigo do também músico há, pelo menos, 27 anos.
Diferentemente do companheiro, Adriano passou a virada do ano tocando em
uma festa de um dos condomínios do Jardim Botânico com a banda que comanda há
15 anos. Ele conta que espera um 2018 de paz. “É só isso e estou sendo muito
sincero. Não somente paz, mas um ano de mais respeito”, frisou.
"É só isso e estou sendo muito sincero. Não somente paz, mas um ano
de mais respeito” - (Adriano Maurício Gomes, servidor público e músico,
sobre o que espera para 2018)
Virada tranquila
A passagem para 2018 aconteceu sem registros de crimes ou acidentes
graves, no Distrito Federal, de acordo com a Secretaria de Segurança. Não houve
prisões. Segundo a Polícia Militar, ocorreu apenas a apreensão de um rapaz, que
já era procurado pela corporação. O Corpo de Bombeiros atuou apenas de forma
preventiva. Não ocorreram, também, atendimentos emergenciais. Responsáveis por
receber as ocorrências das áreas de comemoração da virada do ano na Esplanada
dos Ministérios e na Prainha, respectivamente, a 5ª Delegacia de Polícia (Área
Central) não teve nenhum registro, e a 1ª DP (Asa Sul) notificou somente um
caso de ameaça.
(*) Mayara Subtil – Fotos: Antonio Cunha/CB/D.A.Press - #BrasiliaFácil Correio Braziliense