Laudo do IML aponta que Roriz tem Alzheimer em
estágio grave
Quatro vezes governador do Distrito Federal,
Joaquim Roriz, 81 anos, tem uma longa trajetória de poder. Nunca perdeu uma
eleição. Amado por uns e rejeitado por outros, ele não passou incólume à
avaliação dos moradores da capital do país em quase 30 anos de vida pública.
Mesmo enquadrado na Lei da Ficha Limpa, não há dúvida de que seria um cabo
eleitoral poderoso na disputa que se avizinha ou, quem sabe, um candidato
forte. Mas Roriz não tem mais saúde mental para interferir na vida política da
cidade, tampouco de compreender o mundo que o cerca. É o que revela laudo do
Instituto de Medicina Legal, da Polícia Civil do DF, a que a coluna teve acesso
com exclusividade. Depois de uma avaliação feita por peritos em 4 de dezembro,
o resultado aponta o diagnóstico de “síndrome demencial, de etiologia mista,
Alzheimer e vascular (CID1O F00.2 e F01.9), em estágio grave, com intensa
repercussão sobre sua autonomia”. O exame consta de processo criminal em curso
na 2ª Vara Criminal de Brasília. Trata-se de um incidente de sanidade mental,
realizado para avaliar se o ex-governador tem compreensão da denúncia de
corrupção que pesa contra ele. A resposta foi: não.
Doença
avançou progressivamente
Uma das
etapas para chegar à conclusão dos peritos passou por entrevista com dona
Weslian Roriz, mulher do ex-governador. Ela fez um relato dramático sobre a
situação do marido, com quem está casada há quase 60 anos. A doença começou a
se agravar há oito anos. Desde 2015, piorou bastante. Ele começou a se mostrar
melancólico, foi visto chorando pelos cantos, impaciente, muitas vezes sem
reconhecer pessoas próximas da família, como filhas e netos, e a própria casa.
Há três anos, Roriz foi submetido a uma cirurgia na coluna em São Paulo, quando
começou a usar bengala e depois passou para a cadeira de rodas por conta da
dor. Nas visitas, os familiares anunciavam antigos aliados e amigos, que eram
tratados como estranhos. Dona Weslian contou que Roriz desconhece dinheiro, não
sabe o que acontece na política e a chama frequentemente ao longo do dia.
A
pergunta que não quer calar….
Se
estivesse em condições físicas e jurídicas de concorrer nas próximas eleições,
Joaquim Roriz seria novamente governador do DF?
Silêncio
Na hora
do exame, Joaquim Roriz não demonstrou compreender a situação. Segundo o laudo,
teve atitude indiferente para a averiguação, em nítida apatia. Não respondeu a
nenhum questionamento realizado pelo médico. Manteve-se a maior parte do tempo
olhando para frente, com pouca expressão facial e em silêncio.
Suspensão
das ações
O coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime
Organizado (Gaeco), Clayton Germano, disse que o Ministério Público do Distrito
Federal e Territórios (MPDFT) vai analisar o laudo para verificar se é o caso
de pedir uma análise complementar ou a homologação do exame já realizado pelo
Instituto de Medicina Legal, por determinação da Justiça. Caso seja mantido o
laudo, o MPDFT vai pedir a suspensão do processo de Joaquim Roriz e o
prosseguimento em relação aos demais réus, como determina o artigo 149 do
Código de Processo Penal. Trata-se da ação penal que aponta favorecimento à
empresa WRJ na construção do residencial Monet, em Águas Claras. Com base nesse
entendimento, todas as ações penais contra Roriz também deverão ser
interrompidas.
Cirurgias,
amputações e falta de percepção do próprio corpo
Na descrição do dia a dia de Joaquim Roriz, dona
Weslian contou à perícia do Instituto de Medicina Legal (IML) que o
ex-governador não consegue usar o telefone, ler, escrever, participar de
atividades na comunidade, não tem passatempos, não executa sequer tarefas
domésticas simples e não consegue manter seus cuidados pessoais de forma
autônoma. Ela revelou que Roriz atualmente chama por familiares que já
morreram. O político tem diabetes, faz hemodiálise diariamente, realizou
cirurgias de revascularização miocárdica, com o implante de três pontes de
safena e de duas mamárias, todas realizadas em São Paulo. No ano passado, o
ex-governador foi submetido a amputação da perna direita abaixo do joelho e de
dedos do pé esquerdo. Porém, segundo a avaliação de Dona Weslian, ele sequer
percebe que já não tem parte do corpo.
Doença se agravou com ocaso na política
Pelo laudo do IML, Joaquim Roriz começou a piorar
em 2010, no ano em que teve de deixar a disputa eleitoral por decisão da
Justiça. Três anos antes, ele renunciou ao mandato de senador devido ao
escândalo que ficou conhecido como “Bezerra de Ouro”. Por conta disso, foi
enquadrado na Lei da Ficha Limpa e se tornou inelegível até 2022. Em seu lugar
na campanha, entrou dona Weslian Roriz, sua fiel companheira, que perdeu a
disputa no segundo turno para o petista Agnelo Queiroz.
(*) Ana
Maria Campos – Coluna “Eixo Capital” – Fotos: Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press –
Antonio Cunha/CB/D.A.Press – Luis Tajes/CB/D.A.Press – Correio Braziliense
O melhor governador que o DF já teve.
ResponderExcluirObrigada governador por tudo que fez pelos menos favorecidos.