É hora de renovação
A Páscoa é, historicamente, o momento do ano em que
os cristãos celebram a ressurreição de Cristo, tempo de refletir e praticar o
perdão, a exemplo do que fez Jesus em seus últimos instantes de vida.
Etimologicamente, no entanto, o termo se refere ao Pessach, hebraico para
“passagem”. Também uma celebração de liberdade, marca o momento do ano em que
os judeus celebram a libertação de seu povo do cativeiro, no Egito (evento
ocorrido aproximadamente em 1.280 a.C.).
Ainda antes disso, todavia, o termo era utilizado, na época pré-Mosaica (antes de Moisés), para denominar a festa com que pastores nômades celebravam a chegada da primavera no Hemisfério Norte. Mais uma vez, a palavra remete a uma festejo de liberdade e renascimento. A renovação é, portanto, a mensagem da Páscoa há pelo menos 3.400 anos e, por conseguinte, ecoa pelo planeta há mais tempo que os ensinamentos das principais religiões monoteístas.
Neste domingo, então, sob a égide da ancestral expressão, o momento é de pensar no que é preciso renovar. Também naquilo que se deve perdoar ou esquecer para partir ao encontro da verdadeira liberdade. A julgar pelo momento político que o Brasil atravessa, não há nada que possa ter mais serventia ao país que uma profunda e verdadeira Páscoa.
A renovação é um desejo transversal no país, sobretudo com a proximidade das eleições. Abalado por uma crise política que se estende por anos, o eleitor busca exatamente uma alternativa que traduza seu desejo de ver renascer o país, de aquecer a atividade econômica e impulsionar o emprego. Aí, então, em um cenário de prosperidade, seriam aplacadas todas as carências impostas pela carestia da crise recente, sobretudo com a retomada de investimento pesado em áreas básicas como saúde, educação e infraestrutura. Um verdadeiro sonho.
É importante lembrar, contudo, que a Páscoa, mesmo nas menções mais remotas do termo, tem ocorrência registrada uma vez a cada ano. Isso significa que não há como exigir do evento uma renovação eterna. É necessário refletir, ponderar, perdoar e renovar, mas também é imprescindível agir, transformar e vigiar. Só assim o desejo de renovação do ano seguinte poderá deixar de ser mera repetição da lista das insatisfações do agora.
A verdadeira responsabilidade pelo renascimento está na consciência individual. Só a busca constante pela verdadeira liberdade pode apontar a verdadeira renovação. Sem as marcas do ódio ou da precipitação e com a serenidade daqueles que buscam uma paz duradoura.
Correio Braziliense - Foto:
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