Uma
cidade de tirar o chapéu - Foto célebre - O clique de Gervásio Baptista, fotógrafo de
Juscelino Kubitschek, mostra o idealizador de Brasília acenando com a cartola
na inauguração da cidade. A imagem com o Congresso Nacional ao fundo ficou
famosa no mundo inteiro.
Em
cartaz até 30 de abril, instalação artística convida visitantes a admirarem a
cultura, os pontos turísticos e a história da capital aniversariante
Por
» Murilo Fagundes*
Não há como negar: a capital federal é diferente.
Seja pelo conhecido traço do arquiteto, seja pelas largas avenidas ou seja por
ser um museu a céu aberto. Nesse sentido, por meio dos olhares atentos de
renomados artistas do Distrito Federal, a exposição Eu tiro o chapéu para
Brasília une visões de diferentes aspectos do quadradinho com a finalidade de
homenagear o aniversário da capital do país — que hoje completa 58 anos — berço
de ideias, histórias e recomeços.
Como entrega o nome da instalação, o foco dos
artistas é o bom e velho chapéu, que protege do sol forte que ilumina o céu
azul da cidade, mas que também remete a uma expressão popularizada no Brasil
por programa de auditório da TV, em que os convidados “tiravam o chapéu” como
sinal de admiração e respeito a uma pessoa.
Mas esse costume surgiu muito antes. A expressão
“Tirar o chapéu”, entre muitas possíveis origens, foi introduzida pelos
portugueses no Brasil por volta do século 17, a partir de um gesto imortalizado
pelo rei francês Luís 14. O monarca utilizava o chapéu somente em ocasiões
especiais e com movimentos que indicavam reverência. Nos momentos de solenidade
ou de intensa animação, tirava-se o chapéu e dava uma volta sobre a cabeça até
a aba tocar o chão.
Uma das ideias da exposição, sediada no Templo da
Boa Vontade, é convidar os visitantes a tirarem o chapéu para a cultura, os
pontos turísticos e a história da capital.
Trabalhador rural
O xilografista Elves de Arimateia tira o chapéu
para o povo de Brasília, para o verde da cidade e para as árvores frutíferas.
Ele lembra a importância das regiões que abastecem e trazem visitantes para a
cidade, como é o caso de Brazlândia, com a Festa do Morango. “Tiro o chapéu
para o trabalhador brasiliense, tanto os rurais quanto os ambulantes, mas,
sobretudo, para o trabalhador rural, que abastece a cidade com os alimentos e
com o turismo”, fala. Sob outro ângulo, o artista homenageia Brasília com a
técnica da xilogravura.
Um sonho
A partir do sonho de Dom Bosco, a artista Hermínia
Metzler retrata Brasília em sua obra. Dentro do chapéu, colocou as pessoas
importantes para a construção da capital idealizada por Juscelino Kubitschek:
Oscar Niemeyer, Lucio Costa e Athos Bulcão. “Tiro o chapéu para os grandes
homens que fundaram essa maravilhosa cidade”, afirma. O paulista Cleiton
Venditi segue a mesma linha da artista e fica admirado com as curvas da
Catedral. “Este lugar tem uma energia muito forte. A simetria é maravilhosa”,
elogia o turista.
Pôr do Sol
A obra de J Vicente expõe o entardecer no Lago
Paranoá, momento que Thereza Cristina, moradora da cidade, pouco vê. A técnica
em enfermagem se desloca ao Plano Piloto todos os dias pela manhã e retorna já
tarde. Mesmo assim, tira o chapéu com orgulho tanto para o Paranoá quanto para
a capital, que faz aniversário. “Essa vida é bem difícil, mas não saio daqui de
jeito nenhum. Sou muito feliz em Brasília”, afirma a trabalhadora.
Traço do arquiteto
O capacete da obra de Ariene Saabor remete ao
famoso título da cidade: “Brasília, traço do arquiteto”. A artista, que aprecia
muito a obra de Athos Bulcão, reproduziu os azulejos do desenhista e os traços
famosos da cidade. Além disso, recorreu ao capacete do arquiteto para honrar os
profissionais que pensaram no projeto da capital. Rebeca Dantas e Zilmar
Dantas, mãe e filha moradoras de Santa Maria, visitaram a Esplanada dos
Ministérios e ficaram encantadas com o traço leve dos arquitetos. Por isso, também
tiram o chapéu para eles. “O Museu Nacional é lindo. Os vitrais da Catedral e
as linhas retas do Congresso nos maravilharam”, reforça Rebeca.
Prestigie
Exposição Eu tiro o chapéu para Brasília - Até
30 de abril - Galeria de Arte do Templo da Boa Vontade — SGAS 915 Asa Sul -
Entrada gratuita
(*) Murilo Fagundes* - Correio Braziliense