Eduardo e Mônica na telona - Dirigido pelo
brasiliense René Sampaio, o mesmo de Faroeste caboclo, longa sobre outra canção
de Renato Russo está em gravação na cidade. Responsáveis pela obra antecipam
detalhes com exclusividade ao Correio
*Por » Renato Alves
Cartaz provisório de Eduardo e Mônica, o filme
Após conquistar o país por meio da música, o casal
mais famoso de Brasília vai ganhar as telas do Brasil. Estão na cidade o elenco
“estrangeiro” e grande parte das equipes técnica e de produção de Eduardo e
Mônica, o filme. Eles ficam no Distrito Federal e no Entorno por quase dois
meses gravando as cenas do longa-metragem, que será lançado no próximo ano, com
um orçamento de R$ 9 milhões e financiamento garantido. Falta definir só atores
e figurantes brasilienses. O processo termina esta semana.
Com carreira internacional consolidada, a atriz Alice Braga interpreta
Mônica
Diferentemente de obras cinematográficas produzidas
recentemente na capital, como Polícia Federal (2017), destsa vez o Brasil verá
apenas a Brasília dos cidadãos comuns, garantem os responsáveis por Eduardo e
Mônica. A cidade, além de cenário, será personagem da trama romântica. Os
monumentos e o universo político darão lugar às quadras residenciais e
comerciais, aos parques, aos bares e a quem habita e frequenta esses lugares,
desconhecidos da maioria dos brasileiros.
Conhecido por atuações em novelas e minisséries, Gabriel
Leone será Eduardo
O pessoal da pré-produção chegou
a Brasília em fevereiro, para, entre outras coisas, definir os pontos de
locação. Um deles é a região da Chapada dos Veadeiros (GO), onde parte da
equipe passou o fim de semana. Também vão servir como cenários o Setor Militar
Urbano (SMU), o Hospital das Forças Armadas (HFA), a Universidade de Brasília
(UnB), o Parque da Cidade — lugar onde, na canção escrita por Renato Russo,
Eduardo e Mônica se encontraram, ela de moto e ele, de “camelo” (gíria
brasiliense para bicicleta) —, entre outros.
Missões árduas
À frente da obra está o brasiliense René Sampaio,
43 anos, o mesmo diretor de Faroeste caboclo (2013), outra canção de Renato
Russo adaptada para o cinema. Mas, enquanto Faroeste lembrou a Brasília do fim
dos anos 1970 (veja Para saber mais) — quando Renato escreveu a música —,
Eduardo e Mônica vai retratar 1986 (leia Memória), ano em que o álbum Dois, da
Legião Urbana, foi lançado, trazendo, entre outras, a canção que fala dos
encontros e desencontros do improvável casal.
René Sampaio sabe que, assim como em Faroeste
caboclo, tem a árdua tarefa de surpreender com a adaptação de uma história já
conhecida, sem desagradar ao enorme e exigente fã-clube da Legião Urbana. “Toda
adaptação é sempre um diálogo entre a obra original e a visão de um outro
artista. O público pode se surpreender com a maneira que decidimos contar essa
história tão brasiliense, mesmo já tendo conhecimento profundo dos
personagens”, adianta o diretor.
Com carreira internacional consolidada, a atriz Alice Braga interpreta Mônica
Os atores Gabriel Leone e Alice Braga, ela com 35
anos e ele, com 24, têm a missão de dar vida aos apaixonados protagonistas.
Recentemente, o global Leone, que está no ar em Onde nascem os fortes,
interpretou Miguel, na novela Velho Chico, e Gustavo, na minissérie Os dias
eram assim. Sobrinha de Sônia Braga, Alice é conhecida pela carreira
internacional, tendo participado de filmes como Eu sou a lenda (2007), com Will
Smith, e Elysium (2013), com Matt Damon. Na tevê, interpreta o papel principal
da série norte-americana A rainha do sul, sobre uma poderosa narcotraficante do
sul da Espanha.
Aval da família
Boa parte dos integrantes das equipes técnica e de
produção trabalhou com René Sampaio em Faroeste caboclo, que manteve a parceria
com o Iesb para criar uma base de Eduardo e Mônica em uma das unidades da
faculdade. “Um longa envolve muita gente. De contratações diretas, por volta de
200 pessoas, entre equipe e elenco. Teremos, também, uns 900 figurantes mais
toda infraestrutura de alimentação, transporte, confecção de cenografia,
segurança”, detalha Bianca de Felippes, dona da produtora Gávea Filmes, parceira
de René nos dois longas.
“Temos todo o apoio e a confiança para desenvolver
o trabalho do Eduardo e Mônica. Estamos novamente empenhados em fazer um grande
filme a partir da obra do Renato, que leve Brasília mais uma vez para todo o
Brasil, a partir de um olhar muito particular de quem tem uma relação muito
íntima com a cidade”, ressalta Bianca de Felippes.
Um dos segredos de Eduardo e Mônica, o filme, é a
trilha sonora, a cargo do também brasiliense André Moraes, 41. Figura conhecida
no mercado cinematográfico, ele compôs trilhas para mais de 30 filmes, como
Lisbela e o prisioneiro (2003), Meu tio matou um cara (2004) e Assalto ao Banco
Central (2011). Apaixonado por rock, André costuma ter como parceira em suas
obras fora das telas a banda de heavy metal Sepultura. Filho do cineasta
Geraldo Moraes e irmão do diretor e ator Bruno Torres, o músico tem ainda no
currículo a direção-geral do longa-metragem Entrando numa roubada (2015).
Sucesso de vendas
Na obra de Guel Arraes, André Moraes resgatou Você
não me ensinou a te esquecer, sucesso de Fernando Mendes nas rádios AM nos anos
1970, e criou um arranjo para a voz de Caetano Veloso. Sucesso nas rádios
novamente, o CD da trilha vendeu mais de 100 mil cópias.
Para saber mais - Cidade cinematográfica
Lançado em 2013 e com Ísis Valverde como Maria
Lúcia, a protagonista, Faroeste caboclo, assinado por René Sampaio, levou 1,5
milhão de espectadores às salas de cinema do país e abocanhou prêmios mundo
afora. Escrito por Marcos Bernstein e Victor Atherino, com consultoria de Paulo
Lins, o roteiro ambienta a rotina violenta de quadras do Plano Piloto e,
principalmente, da periferia de Brasília, entre 1979 e 1981. A saga de João de
Santo Cristo começou a ser filmada em 2011. Serviram de cenário a UnB, o Parque
da Cidade, a Esplanada dos Ministérios, a Praça dos Três Poderes, o Lago
Paranoá e algumas superquadras. Já Ceilândia foi retratada por meio de uma
cidade cinematográfica erguida no Jardim ABC, bairro da Cidade Ocidental (GO),
na divisa de Goiás com o DF. A comunidade recebeu a equipe por quatro semanas.
(*) Renato Alves –
Fotos: Divulgação – Henrique Marenza – Globo Filmes Renato Miranda – Correio
Braziliense