Rita da Silva Sales descobriu a enfermidade da filha quando a menina
Sara Vitória tinha 6 meses
*Por » Juliana Andrade
Nem só de lazer vive o Eixão aos domingos. Ontem, em meio a brincadeiras
e diversão, a Associação Brasileira da Síndrome de Prader-Will (SPW) promoveu a
2° Caminhada contra a obesidade SPW. Claudia Alber, uma das organizadoras do
evento, explicou que a intenção da caminhada é informar a população, além de
alertar sobre os sinais do distúrbio genético que afeta o apetite, o
crescimento e o metabolismo do ser humano e a importância do tratamento.
“Muitos veem o comportamento dos nossos filhos e acham que é birra, mas não é.
Eles realmente sentem fome 24 horas por dia”, afirmou. A ativista é mãe da
Gabriela Alber, de 20 anos, que, apoiada pela família, convive bem com a
síndrome. A jovem terminou o ensino médio, fez curso técnico e tem o peso
controlado.
São históricos como o de Gabriela que motivaram Rita da Silva Sales, 47,
mãe da Sara Vitória, 3. Rita contou que descobriu a enfermidade da filha quando
a menina tinha 6 meses. “Eu fiquei desorientada. Eu não sabia o que era isso.
Agora que estou conhecendo outras pessoas com a síndrome, e mais velhas, fiquei
emocionada”, destacou.
De acordo com os integrantes da associação, a estimativa é de que, em
média, a cada 12 mil pessoas, uma é diagnosticada com a síndrome. Eles alertam
que a SPW é a causa genética mais comum de obesidade infantil. E esse é
dos pontos que mais preocupam os pais.
Claudia esclareceu que o cérebro de quem tem SPW não sinaliza que o
indivíduo comeu o suficiente, o que faz ele procurar constantemente por comida,
tomando atitudes fora do normal em busca de alimento. A técnica de enfermagem
Kátia Valéria Brito, 38, por exemplo, precisou agir severamente para preservar
a saúde da filha, Sângela Cristina, 13. “Até os 11 anos, ela não pegava nada no
armário nem na geladeira, mas agora ela tira, então a gente teve que trancar.
Lá em casa é tudo no cadeado”, afirmou.
Os amigos e a família abraçaram a causa de Sângela. A mãe ressaltou que
na escola e nas festas todos ficam atentos aos passos da jovem, que chegou a
pegar alimento dos colegas escondido. “A escola inteira a conhece e os amigos
sabem o que ocorre se deixarem comida perto. As consequências são muito graves,
vai além da obesidade. Eles não conseguem vomitar nem digerir o alimento
rápido”, enfatiza.
Kátia ainda fala sobre a dificuldade de identificar a doença. A técnica
de enfermagem comenta que a filha só foi diagnosticada aos três anos de idade.
“Ela demorou para endurecer o pescoço e tinha uns resultados de exames
diferentes, mas os médicos achavam que era porque ela nasceu prematura. Com 1
ano e 6 meses, ela começou a ter a compulsão alimentar e só começou a andar e
falar com dois anos”, recordou.
Além da fome insaciável, a Prader-Wiill é identificada por hipotonia
muscular, baixa estatura (quando não tratada com hormônio do crescimento),
desenvolvimento sexual incompleto, atrasos cognitivos e problemas
comportamentais. Quando bebês, eles ainda apresentam dificuldade de sucção,
além de choro fraco. A associação ainda afirma que que quem tem SPW apresenta
alguns traços característicos, como olhos amendoados, cabeça estreita, lábio
superior fino e cantos da boca para baixo.
Metabolismo
Distúrbio genético que afeta o apetite, o crescimento e o metabolismo do
ser humano. É uma das causas mais comuns de obesidade infantil.
(*) Juliana Andrade – Correio Braziliense – Fotos: Juliana
Andrade