Cuidado com os falastrões
*Por Severino Francisco
Pesquisa encomendada pelo Correio Braziliense,
realizada pelo Instituto Opinião Política, revela que as prioridades do
brasiliense são: saúde (79,6%), educação (62%), segurança pública (47,8%),
emprego (28,2%) e combate à corrupção (15%). O seu voto vale muito. É
preocupante o retorno de promessas mirabolantes no debate dos candidatos a governador,
que não encontram nenhum respaldo na realidade atual do DF.
Diversos candidatos estão prometendo aumentar o
salário dos servidores públicos do DF e pagar a terceira parcela do reajuste a
servidores de 32 categorias. Além disso, alimentam a esperança de aumentos para
a Polícia Militar e para o Corpo de Bombeiros. Se isso ocorrer, o impacto no
orçamento seria de mais de R$ 2 bilhões. Muito possivelmente, a Lei de
Responsabilidade Fiscal iria para o espaço.
Não quero defender nenhum candidato. Só quero
alertar que alguns podem estar mentindo descaradamente. Se fosse tão simples,
qualquer um concederia aumentos e acrescentaria alguns pontos em prestígio e
votos para as próximas eleições. Mas basta mirar a situação da maioria dos
estados para constatar as consequências nefastas da irresponsabilidade na
gestão pública.
O país continua mergulhado na mais longa recessão
econômica da história brasileira. A arrecadação de impostos caiu drasticamente.
Muitos estados estão quebrados do ponto de vista das contas públicas. Estados
quebrados têm mais dificuldade de enfrentar os problemas de segurança pública,
de saúde e de educação. Basta lembrar os casos do Rio Grande do Norte, do
Espírito Santo, do Rio de Janeiro e de Minas Gerais. Os dois últimos decretaram
calamidade financeira em 2016. Eles tiveram dificuldade em pagar a folha de
salários dos servidores públicos. Em janeiro, os policiais militares do Rio
Grande do Norte fizeram uma greve de 23 dias, que levou o estado a uma situação
de caos social completo. Os bandidos tomaram conta das cidades.
O site Politize levantou oito pontos a serem
considerados na escolha de um candidato. Pesquise o histórico pessoal, pesquise
o histórico político, busque afinidade de pensamento, conheça o partido e a
coligação do candidato, conheça as propostas, entenda as atribuições do cargo,
observe os gastos de campanha e cobre um diagnóstico sobre a cidade.
Se esses pontos fossem avaliados, vários candidatos
de propostas fantasiosas e biografias complicadas seriam revelados em imagem
mais condizente com a realidade. Só se deixa enganar quem quer ser enganado. O
seu voto vale muito, não o desperdice com falastrões e mentirosos.
(*)
Severino Francisco – Jornalista, colunista do Correio Braziliense –
Foto/Ilustração: Blog - Google