Luos será votada hoje na Câmara Legislativa - Uma das emendas
dos distritais trata da ocupação da orla do Paranoá
Depois de tramitar por um ano na Câmara Legislativa, o projeto da Lei de
Uso e Ocupação do Solo (Luos) deve ser votado hoje no plenário da Casa. O texto
passou pelas comissões de Assuntos Fundiários e de Desenvolvimento Econômico
Sustentável, Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente. Agora, falta o aval da
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A proposta, que define as regras para
uso e ocupação de mais de 360 mil terrenos no DF, é prioridade para a cidade.
Empresários favoráveis à aprovação da Luos fizeram uma peregrinação por
gabinetes dos parlamentares para tentar mobilizar os distritais.
Ontem à noite, o presidente da Câmara Legislativa, Joe Valle (PDT),
reuniu-se com Bispo Renato (PR) e Telma Rufino (Pros) — eles presidem comissões
por onde passou o projeto. Depois da pancadaria registrada durante a realização
de uma audiência pública sobre o tema, há receio de novos tumultos.
O governador eleito do DF, Ibaneis Rocha (MDB), defendeu ontem a
aprovação da Luos. “Tenho convicção de que os deputados estão esclarecidos e
que vão fazer essa votação para o bem do DF. A Luos é importante para garantir
segurança jurídica. Hoje, o empresariado não faz nada na cidade, porque tem
medo de não ser aprovado”, argumentou. “Ninguém consegue fazer uma legislação e
satisfazer a todos. Nós temos que pensar no desenvolvimento sustentável, sem
deixar de avançar, porque a cidade está paralisada”, acrescentou Ibaneis.
O presidente da CCJ, deputado Reginaldo Veras (PDT), convocou para a
manhã de hoje uma reunião para votar a Luos e para realizar a sabatina da
futura procuradora-geral do DF, Ludmila Galvão. A expectativa é de que a
comissão dê aval ao texto em versão semelhante ao da Comissão de Assuntos
Fundiários (CAF). O colegiado só aprovou sete das 129 emendas — seis
delas de autoria conjunta dos petistas Chico Vigilante, Ricardo Vale e Wasny de
Roure, e uma da deputada Sandra Faraj (PR). Entre as justificativas para a
rejeição estão argumentos como a realização de mudanças pontuais sem estudos
técnicos e consultas em audiências públicas, e manifestações contrárias da
sociedade.
Boa parte das alterações protocoladas pelos parlamentares trazia
mudanças específicas para alguns lotes. Uma emenda do deputado Robério
Negreiros (PSD) altera as regras de ocupação de áreas à beira do Lago Paranoá
desobstruídas recentemente pela Agefis. Na proposta, o parlamentar sugere que,
nas quadras QL 20 e QL 20/22, só devem ser permitidas atividades ligadas ao
patrimônio cultural e ambiental. No projeto do governo, consta a possibilidade
de instalação de equipamentos públicos. “As propostas de uso genérico para
equipamento público são prejudiciais à qualidade de vida dos moradores”, argumentou
o parlamentar.
O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon),
João Carlos Pimenta, diz que o setor está otimista com relação à aprovação da
Luos. “Conversamos com presidentes de comissões, com vários deputados, e não há
ninguém contrário ao projeto”, conta. “Hoje, o investidor não tem segurança
jurídica. Um empresário que quer construir uma escola, por exemplo, não sabe se
o uso daquele terreno pode ser alterado”, diz João Carlos.
Selvageria
Em 27 de novembro, debate sobre o tema na Câmara Legislativa resultou em
cenas de selvageria no plenário. O evento foi organizado pela Comissão de
Assuntos Fundiários (CAF) e reuniu professores da Universidade de Brasília
(UnB), moradores de condomínios irregulares, ambientalistas, representantes do
governo e do Legislativo local. Na ocasião, participantes do seminário
contrários à aprovação do texto e pessoas que pediam a aprovação rápida da Luos
entraram em confronto. A Polícia Legislativa conteve a confusão.
Helena Mader – Fotos: Ed Alves/CB/D.A.Press – Blog/Google – Correio
Braziliense