Senadora Leila Barros (PSB/DF)
A senhora chegou ao Senado em meio à confusão para
a eleição do presidente. Ficou surpresa com os embates no plenário?
Sim, com certeza. Todos esperavam uma sessão com
debates intensos, mas, naqueles dois dias, fiquei surpresa com a postura de
alguns parlamentares que tentaram atrapalhar a sessão. Inclusive, em alguns
momentos, no calor dos acontecimentos, exageraram nas atitudes para tentar
fazer prevalecer sua tese. A confirmação de que havia um voto a mais na
primeira apuração também foi um choque. Foi por isso que eu e outros senadores
nos reunimos rapidamente para ajudar a organizar o processo para uma nova
votação. Tínhamos que mostrar à sociedade que éramos capazes de concluir a
eleição com lisura e sem mais nenhuma reviravolta.
Por que a senhora votou no Reguffe?
Fui eleita em um pleito que foi marcado pela
renovação. Votei no Reguffe porque ele fez um discurso defendendo um Senado com
ações mais transparentes. Eu prezo muito a moralidade e a ética em tudo o que
faço e as minhas escolhas no parlamento serão pautadas por esses princípios.
Neste ponto, acredito que as minhas ideias são convergentes com as do senador
Reguffe.
Com tantos políticos experientes no Congresso, vai
ser difícil marcar posição?
Entendo que marcar posição é defender suas ideias.
E defenderei as minhas da mesma forma que sempre defendi o Brasil nas quadras
pelo mundo afora. Fui eleita para construir e debater leis que, efetivamente,
promovam mudanças na vida das pessoas.
A senhora assinou o requerimento para instalação da
CPI da Lava-Toga. Acha que é preciso dar mais transparência ao Judiciário?
Respeito o Poder Judiciário e valorizo o seu
trabalho. Mas é missão do Congresso Nacional fiscalizar. O objetivo desta CPI é
analisar eventuais condutas inadequadas por parte de algum magistrado. É importante
ressaltar que esse é um movimento suprapartidário e que conta com o amplo apoio
da população.
Já avaliou o pacote anticrime do ministro Sergio
Moro? Qual é a sua opinião?
Sou a favor de qualquer medida de combate ao crime
organizado, à corrupção e à impunidade. Preocupa-me o fato de o pacote estar
focado na repressão. Não podemos nos esquecer de outra medida essencial
anticrime, que é investir na prevenção, oferecendo aos jovens educação de
qualidade, saúde, cultura e esporte. Em geral, as medidas apresentadas por
Sergio Moro são positivas e serão ponto de partida para tornar mais severas as
penas para crimes hediondos e do colarinho-branco.
E a reforma da Previdência? O que acha da idade
mínima para aposentadoria de 62 anos para mulheres e 65 para homens?
A reforma da Previdência é necessária e, por se
tratar de um assunto sensível à população, é preciso debate e transparência.
Sou a favor de que haja diferença entre as idades mínimas entre homens e
mulheres. A minha maior preocupação é não penalizar os trabalhadores que estão
no mercado contribuindo com a previdência social, principalmente os
contribuintes mais pobres. Antes de assumir uma posição definitiva, preciso
conhecer o texto que será encaminhado ao Congresso. A princípio, precisaremos
encontrar um equilíbrio entre a idade mínima proposta e a regra de transição.
Entendo que o prazo para que os contribuintes possam se aposentar antes da
idade mínima prevista pela proposta precisa ser flexível.
Qual vai ser seu foco no Senado?
Estou participando de sete comissões no Senado e
sei que posso dar a minha contribuição. Manterei o foco nos debates que
promovam melhorias na educação, principalmente nos ensinos básico e médio, e
nas pautas que envolvem o combate à violência contra a mulher. Claro que o
esporte também será prioridade, pois gera cidadania, ensina disciplina, promove
valores como a ética e oferece oportunidades. O meu primeiro projeto de lei é
para proteger as mulheres nos ambientes de prática esportiva, não só as
torcedoras, mas também as profissionais que vão às arenas. Ao lado dos meus
colegas da bancada do DF, ajudarei a promover o desenvolvimento sustentável de
Brasília e das regiões administrativas, propondo e debatendo soluções para
impulsionar e diversificar a nossa economia, com atenção à economia criativa e
às políticas públicas que reduzem as desigualdades regionais.
Ana Maria
Campos – Foto: Minervino Junior/CB/D.A.Press – Correio Braziliense
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