Após
denúncias de descaso, 56 passarelas serão reformadas no DF Reportagem do
Metrópoles mostrou passagens caindo aos pedaços. DER vai investir R$ 4,3
milhões em restauração e manutenção nesses pontos
*Por Nathália Cardim
Passarelas
sujas, com fiações expostas, revestimento descolando do
teto, esburacadas, pichadas e iluminação precária. A situação é crítica
nesses pontos de travessia de pedestres instalados nas rodovias. Pelo menos 56
estão em estado mais precário e serão alvo de uma ação emergencial do
Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER-DF).
O órgão
iniciou nesta segunda-feira (25/2) os serviços de restauração e manutenção
nesses elevados. Pisos, rampas e alambrados serão reformados, e as passarelas
receberão pintura nova, segundo o DER.
O serviço tem início na passarela da Candangolândia, seguido de outras
duas instaladas na Estrutural (DF-095) e, logo após, a da Estrada Parque
Indústrias Gráficas (EPIG). O cronograma com ordem de reforma das demais
passagens será desenvolvido no decorrer do contrato de um ano que o DER terá
para realizar as obras. O valor investido será o de R$ 4,3 milhões.
Em janeiro deste ano, o Metrópoles foi a 14 passagens de pedestres
suspensas e subterrâneas, no Plano Piloto, Candangolândia, Estrada Parque
Indústria e Abastecimento (Epia), Estrutural, e constatou a precariedade.
Uma delas – localizada na Entrequadra 115/116
Norte – precisa de reformas imediatas, conforme relatório recente do
Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF). Os problemas apontados
no documento vão desde fissuras, descolamento do revestimento, à
desagregação do concreto das paredes e do teto.
A reportagem foi às ruas para falar da falta de
segurança que aterroriza quem trafega por esses locais. Todos os dias,
a autônoma Jéssica Sales de Sousa, 35, prefere se arriscar por entre os
carros a encarar a passagem da 105/106 Sul. “Aqui não é seguro, é um fato. Além
dos assaltos constantes, o local é ponto de tráfico de drogas”, diz.
Há cerca de dois anos, uma mulher de 48 anos
foi estuprada na passarela da 105/106 Sul. O suspeito, um
motoboy, acabou preso. A empregada doméstica Cleudenice Maria de Sousa,
51, “conta nos dedos as vezes” em que usou a passagem. “Não confio nas
pessoas, nem me sinto segura”, explicou.
Morador
da 105 Sul, José Henrique Vieira, 51, prefere as passagens subterrâneas. “Aqui
é um local visado pelo tráfico, não tem jeito. Falta policiamento. Mas não vou
atravessar pela pista e correr o risco de ser atingido por um
carro”, ressalta.
Problemas também nos elevados- A “cena assustadora” não sai da cabeça da estudante Erlaene Ramos, 19. A jovem
presenciou um assalto na passarela suspensa da Estrutural, próximo à
Ceasa, e descreve a ação em detalhes.
Eles [os bandidos] se esconderam atrás das placas
de sinalização e, quando passamos perto, nos atacaram. Ainda aproveitaram que
estava escuro e não tinha iluminação suficiente" - (Erlaene
Ramos, estudante)
Apesar do
susto, Erlaene foi poupada pelos bandidos. A irmã, Vanderlaine Ramos, por sua
vez, não teve a mesma sorte. “A estudante Gabriela Claudi, 20, também teme pela
sua segurança: “Só atravesso correndo. Tenho medo de assalto”, afirma.
Outro protesto dos usuários das passagens é referente à iluminação
do local. Não é difícil encontrar lâmpadas queimadas e cantos sem iluminação. A
escuridão afugenta ainda mais os pedestres, como Ione Oliveira, 32.
À reportagem, a mulher contou ter presenciado,
durante o entardecer, um assalto. “Foi há uma semana. Tudo muito rápido. Não vi
se o bandido estava armado, pois saí correndo”, disse ao Metrópoles.
Quem usa
as passarelas afirma que esses locais precisam passar por obras de
revitalização urgentes. “Estão enferrujadas e abandonadas. Quando a gente anda,
a estrutura balança, parece que vai cair”, garante o feirante Manoel
Jaime, 58.
(*) Nathália Cardim – Fotos: Hugo Barreto – Metrópoles