Compromisso com o futuro
Ainda que o país não conheça todos os detalhes, o projeto de reforma da Previdência que será apresentado pelo governo nesta semana dá um claro sinal de que a equipe econômica está disposta a arrumar o regime de aposentadorias e, consequentemente, colocar as contas públicas em ordem. A fixação de idade mínima para homens e mulheres é um ponto a ser exaltado, sobretudo por deixar o Brasil em linha com o que se vê no mundo civilizado.
A expectativa é de que o bom senso
prevaleça no Congresso e, independentemente de ideologia ou populismo, a
reforma seja aprovada o mais rapidamente possível. O Brasil está ansioso por
voltar a crescer de forma consistente, criando empregos e melhorando a renda
dos trabalhadores. A inflação deve fechar o ano novamente abaixo da meta e os
juros tendem a permanecer nos níveis mais baixos da história. Portanto, se as
contas públicas forem ajustadas — e, para isso, a reforma da Previdência é
essencial —, os pilares para um avanço mais rápido do Produto Interno Bruto
(PIB) estarão consolidados.
É verdade que o momento político não é
dos melhores, com o governo mergulhado em uma crise que resultou na primeira
queda de um de seus ministros, mas o país tem maturidade o suficiente para
separar o que realmente é relevante e o que são questões naturais da política.
O governo não pode perder o foco. Deve concentrar todas as energias para
aprovar as mudanças no sistema previdenciário e todas as medidas que resultem
em melhores condições de vida à população.
O Brasil já perdeu tempo demais. Todas
as administrações que antecederam a atual tiveram cacife político suficiente
para aprovar a reforma da Previdência, mas ou não tiveram coragem de encarar o
problema ou fizeram o trabalho pela metade por comodismo. Não é justo com a
população de que esse filme se repita. A grande maioria dos brasileiros está à
espera na nova era que foi vendida com ênfase durante a campanha eleitoral.
O deficit previsto para a Previdência
neste ano passará de R$ 300 bilhões. Mesmo que a reforma seja aprovada ao longo
de 2019, o impacto nas contas públicas só será sentido nos próximos exercícios.
Mas é preciso agir rápido para dar um sinal efetivo aos investidores e à
sociedade de compromisso com o ajuste fiscal.
Se a reforma for aprovada do jeito que
a equipe econômica está propondo, será possível economizar cerca de R$ 1
trilhão em 10 anos. Pode parecer muito, mas a economia média anual, de R$ 100
bilhões, representa apenas um terço do buraco estimado para este ano. Portanto,
é recomendável aos senhores parlamentares que não mexam nas bases do projeto
preparado pelo governo. Qualquer mudança para pior indicará descompromisso com
o futuro do país.
O momento é de urgência. Todos sabem
que a reforma da Previdência está atrasada. E esta não será a primeira mudança
no regime de pensões e aposentadorias. Outras serão necessárias mais à frente.
O Brasil está envelhecendo rapidamente. As próximas gerações exigem que o
trabalho comece já. E, se possível, com muito juízo.
Visão do Correio Braziliense –
Foto/Ilustração: Blog - Google