Presente de grego
*Por Circe Cunha
“Tudo o que é de ruim, o resto do Brasil manda para Brasília.” A
afirmação foi feita pelo internauta W.F, ao comentar, no rodapé de uma
reportagem, que informava a vinda de líderes do Primeiro Comando da Capital
(PCC) para o Presídio Federal de Brasília. Outro internauta, comentando o mesmo
fato, chegou a afirmar que sendo essa uma organização autointitulada a primeira
da capital, nada mais coerente que vir para aqui.
Coerente seria a capital do país não possuir nenhum presídio de
segurança máxima, dada as características de Brasília, como sede não só da
administração pública federal, mas de todas as representações estrangeiras e
outros organismos internacionais de grande importância estratégica não só para
o país, mas para outras nações também.
A construção de um presídio, no Distrito Federal, para abrigar presos de
alta periculosidade, a maioria líderes de poderosas organizações criminosas,
além de não acrescentar absolutamente nada na questão de segurança pública,
submete a um risco desnecessário toda a estrutura administrativa do país,
incluindo aí as representações diplomáticas e de organismos internacionais.
Isso sem falar das sedes dos tribunais superiores, do Legislativo e da
Presidência da República. Trata-se de uma notícia extremamente negativa para o
DF, ainda mais quando se sabe das muitas brechas e falhas existentes em nossos
presídios, sejam eles federais ou não.
Essas organizações criminosas, formadas à sombra do Estado, e graças a
leniência de nossa justiça, por diversas vezes, deram mostras do que são
capazes, fazendo milhões de cidadãos reféns em cidades, como Fortaleza,
Vitória, Natal e São Paulo, onde chegou a impor um toque de recolher para a
população. A cochilada dos órgãos de segurança e de inteligência, nesses
últimos anos, favoreceu, sobremaneira, o crescimento exponencial desses grupos
criminosos, a ponto de se assistir hoje à expansão desses bandos para outros
estados, interior do Brasil e para outros países da América do Sul.
A internacionalização desses grupos e sua possível transformação em
grupos de narcoguerrilhas parece ser uma realidade em adiantado processo de
consolidação. As facilidades de comunicação e a imensa rede de “pombos
correios”, entrando e saindo dos presídios, com a extraordinária capacidade de
aliciamento e de suborno, demonstra que mesmo estando alguns de seus líderes
encarcerados, ainda assim essas quadrilhas vêm registrando crescimento e
poderio assombrosos.
Trazer para a Brasília parte das lideranças dessas “multinacionais
do crime” é um desserviço não só à capital e a sua população, mas à segurança
do próprio país. Se as promessas de isolamento, de monitoramento 24 horas por
dia e outras providências de segurança máxima fossem para valer, conforme
asseguram as autoridades, o crescimento do poderio desses grupos não seria
verificado e muitas cidades do país não seriam feitas reféns.
Para essas organizações não existem presídios de segurança máxima, não
existem portas que não possam ser abertas, não existe preço que não possa ser
pago, não existe autoridade que não possa ser subornada ou morta.
A vinda desses líderes para o DF é assim um autêntico presente de grego.
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A frase que foi pronunciada
Entendam, eu não estou preso aqui com vocês, vocês estão presos aqui comigo.
(Alan Moore, escritor britânico)
(*) Circe Cunha – Coluna “Visto, lido e ouvido” –
Ari Cunha – Correio Braziliense – Foto/Ilustração: Blog - Google
Concordo plenamente! Além do mais os chefões do crime, estão,bem alojados, totalmente centralizados.
ResponderExcluirAcho preocupante!
Concordo plenamente! Além do mais os chefões do crime ficaram bem localizados no centro do País.
ResponderExcluirPega mal pra nossa capital é preocupante! Muito bem colocado Ilustre Jornalista Chiquinho Dornas.