Rafael Parente, secretário de Educação
Diante da tragédia de Suzano e de ameaças de
massacres divulgadas por alunos de Brasília, qual a
preocupação da secretaria com a saúde mental dos estudantes?
A secretaria tem uma estrutura que é composta por
equipes multifuncionais, com pedagogos e psicólogos, que trabalham de forma
itinerante: cada grupo vai a três escolas. A gente sabe que, para algumas
escolas, essa estrutura não é suficiente. Em unidades de maior vulnerabilidade,
seja por questões de violência, seja por problemas de aprendizado ou por evasão,
haverá um enfoque maior
Como é possível desenvolver uma cultura de paz
nas escolas?
O governo vai lançar, em breve, as cinco bandeiras
da educação, que são ações com foco em questões específicas. Uma delas está
relacionada à educação para a paz. Dentro de cada bandeira, temos ações em
curso e programadas. Para o enfrentamento à violência e para a criação de uma
cultura de paz, há políticas que vão funcionar muito bem em algumas escolas,
como mediação de conflitos, meditação. Em outras, será preciso rever o
regimento interno escolar. Nas escolas que estão em situação mais crítica,
seremos enérgicos. O governo vai instalar 40 mil câmeras internas e externas, e
o Batalhão Escolar vai atuar com policiais fixos na porta das escolas.
Pretendemos investir também em tecnologia para fazer o controle de acesso, como
o reconhecimento facial.
O que pode ser revisto nos regimentos internos
das escolas para aumentar a segurança?
A ideia é fazer algo mais próximo do regimento das
escolas de gestão compartilhada, com poder de estabelecer, por exemplo, que só
pode entrar com uniforme, que tem horário fixo para entrar e sair,
estabelecendo notas de comportamento, com a oferta de cursos específicos a
alunos com comportamento muito ruim. Esses cursos terão módulos com
professores, e outros com policiais. Os alunos têm que entender que as escolhas
que eles fazem hoje têm repercussão para toda a vida. Que se eles deixarem o
ensino médio ou entrarem para o tráfico, por exemplo, sofrerão consequências
muito sérias. Faremos tudo em diálogo com as escolas, para que todos apresentem
sugestões e críticas.
Que fatores contribuem para gerar violência
nas escolas?
Não é só um problema causado pelo bullying ou por
games violentos, é uma mistura de crise de valores da nossa época com todos
esses outros fatores. Esta semana, começamos a realizar a virada pedagógica,
que será realizada mensalmente, com palestras, bate-papos. A saúde mental e o
combate à violência são temas que serão tratados nas viradas. A sociedade
precisa encarar esses problemas de forma mais séria e menos superficial.
Existe uma preocupação também com a saúde
mental dos professores?
Com certeza. Um ambiente escolar saudável e um bom
clima são essenciais. Se o professor tem um ambiente tóxico no trabalho, vai
adoecer. E todos precisam atuar para construir esse ambiente saudável, onde as
pessoas se sintam acolhidas e inspiradas, com boas relações, onde as pessoas
não se sintam tolhidas.
Helena Mader - Coluna "Eixo Capital" -
Foto: Ana Rayssa/CD/D.A.Press - Correio Braziliense
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