Câmara Distrital continua com as velhas práticas
*Por Circe Cunha
Entra legislatura, sai
legislatura, e a Câmara Legislativa local insiste em continuar com as mesmas
velhas práticas há muito já condenadas, não apenas pela população do Distrito
Federal, mas por outras unidades da Federação e que custaram o mandato de
muitos políticos. Por aqui, os problemas são os mesmos: gastos sem limite, como
se o dinheiro do contribuinte jorrasse de uma fonte abundante e inesgotável e
como se houvessem outras necessidades infinitamente mais urgentes para a
aplicação do suado e escasso dinheiro público. Os hospitais continuam os
mesmos, as escolas continuam as mesmas. O luxo que sustenta os representantes
do DF, também.
De nada adiantaram as mobilizações
organizadas pela população para abrandar os elevados custos da representação
política na capital, já considerada a mais cara do país. A campanha por uma
Câmara + Barata, organizada pelo Observatório Social de Brasília (OSBrasília) e
pelo Instituto de Fiscalização e Controle (IFC) — duas instituições sem fins
lucrativos que promovem a transparência e o controle social das despesas
públicas — ficou apenas na promessa.
Aproveitando o calendário
eleitoral, a antiga mesa da Casa remeteu a questão do corte de custos para a
próxima legislatura, já sabendo que o tempo e as mudanças que ocorreriam na
mesa diretora ajudariam a enterrar o pedido da população. Protocolado em
outubro de 2018, o PL nº 2.151 previa uma economia de R$ 75 milhões em gastos
anuais da CLDF, ou R$ 300 milhões por legislatura, uma montanha de dinheiro que
poderia ser empregada, como já dissemos, em diversos setores, como saúde,
educação e segurança, e em outras despesas verdadeiramente necessárias e úteis para
todos. Ademais, a proposta foi endossada por mais de 23 mil assinaturas.
Ao engavetar a proposta sob a
alegação de não reconhecimento da totalidade das assinaturas, a Câmara
Legislativa traiu a população, permitindo que o custo de cada distrital para o
contribuinte permaneça em R$ 235,8 mil ao mês, ou quase um terço a mais do que
é pago a um deputado federal. Não satisfeita com esse recuo, que, desde o
início, já indicávamos que aconteceria por conta do histórico dessa Casa,
alheia às reais necessidades do cidadão e da capital, a direção da CLDF
anunciou, agora, a compra de cinco luxuosos carros sedãs para o transporte de
integrantes da Mesa Diretora ao custo de R$ 90 mil a unidade. Isso vai gerar
uma despesa sem propósito de mais de meio milhão de reais, se somadas todas as
despesas para o desembaraço burocrático dos veículos.
Com isso, suas excelências, que já
possuem carros próprios e contam com uma grande frota à disposição, desfilarão
pela cidade a bordo de novíssimos e dispendiosos automóveis bancados pelos
contribuintes que sacolejam nos precaríssimos transportes públicos da cidade ou
esperam horas nas paradas sem proteção nem recuo. Trata-se, infelizmente, de
uma afronta constante a um povo inerte e uma desconexão com a realidade que
circunda essa Casa.
Para conferir ainda maior descaso
com a opinião pública, principalmente quando se sabe que as eleições ainda
estão longe de voltar a acontecer, a Câmara Legislativa do Distrito Federal
anunciou a nomeação de um primo do deputado José Gomes (PSB), acusado de ter
usado a empresa Real JG Serviços Gerais, de sua propriedade, para coagir
funcionários a votarem nele nas eleições de 2018, para a Comissão Permanente de
Licitação (CPL). Lembrando que essa Comissão é responsável pelas contratações
de empresas, serviços, aquisições de bens e obras e tem sido alvo desse mesmo
parlamentar na tentativa de incluir a Real JG nas concorrências dessa Casa.
Brasília vivia bem sem a Câmara
Legislativa. Esta coluna mantém a coerência, já que lutou desde o início contra
a criação dessa máquina de gastar dinheiro dos contribuintes.
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A frase que foi pronunciada
“I am here to kill the snake and show the stick. Because with
me is bread bread, cheese cheese!” - ( Eu estou aqui para matar a cobra e mostrar o pau. Porque comigo é pão, queijo-queijo) - (Odorico Paraguaçu, em discurso na ONU)
Horror
»Slime é moda entre crianças e
jovens. Trata-se de uma mistura química que se transforma um objeto gelatinoso
de contato interessante. Como a geleka de antigamente. Pois bem. Ontem,
infiltrados em vídeos de slime no YouTube, um personagem chamado Momo, um
boneco assustador, aparece ensinando as crianças a cometerem suicídio. A
denúncia foi publicada na página da internet da revista Crescer, por um
depoimento de uma professora que acompanhava a receita do Slim com a filha no
YouTubeKids. O YouTube garante não ter encontrado nada de errado nos vídeos.
(*) Circe Cunha – Coluna “Visto, lido e ouvido” – Ari Cunha – Correio
Braziliense – Foto/Ilustração: Blog – Google