General Paulo Chagas
O que sentiu ao ser alvo de mandado de busca e
apreensão autorizado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, por divulgar
fake news?
Quem diz o que quer ouve o que não quer. Quem está
na chuva é para se molhar. O que ocorre é que um cidadão comum tem direito de
se expressar e está sendo investigado como alguém que está atentando contra a
Suprema Corte.
Considerou a medida exagerada?
Hoje de manhã, um advogado meu amigo de Araxá, me
perguntou se tinha voltado o Estado Novo. “Voltou Getúlio?” Por enquanto, só
quero conhecer o inquérito.
O senhor não estava em casa?
Minha filha estava. Policiais bateram na porta e se
identificaram. Falei com um delegado. Eles foram educados. Não vasculharam
nada. Deram uma olhada e levaram meu laptop. Fui arrolado nesse processo pelas
coisas que publico. O que interessa são as coisas que estão na rede. Pelo que
minha família disse, o pessoal da Polícia Federal não estava muito à vontade.
Talvez achando uma arbitrariedade ou uma bobagem.
Por que criticar o Supremo? O que o incomoda?
Incomoda é o que incomoda muita gente: a
insegurança jurídica. Dão uma decisão e depois mudam. Isso não é bom para a
democracia. O Supremo tem uma importância muito grande. É uma brincadeira de
vaidades. E a disciplina e a jurisprudência? Onde ficam? Quem é que manda? Quem
manda é a instituição, é o resultado do julgamento de 11 ministros.
O senhor ficou assustado?
Num primeiro momento, sim. Mas depois que soube do
que se tratava, vi que era uma bobagem. O delegado estava de terno. Os demais
estavam com uma pistola e não com fuzis. Sinal de que não sou tão perigoso.
(Risos)
O senhor pretende disputar novamente eleições no DF?
Se eu tiver que decidir hoje, a chance é zero.
Mas tem quatro anos pela frente…
Pois é….
Na campanha, o senhor respondeu tanto sobre
ditadura militar...
Nossa Constituição é horrível, mas pior é sem ela.
Precisamos mudá-la. Hoje tudo pode e nada pode. Depende da eloquência de quem
acusa e de quem defende. Quem for mais eloquente vai ganhar a discussão.
A pergunta que não quer calar….
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De desconhecido a crítico nas redes sociais
Quarto colocado na corrida ao Palácio do Buriti em
2018, o general da reserva Paulo Chagas surpreendeu ao concluir a campanha com
mais votos que políticos, como o ex-deputado federal Alberto Fraga (DEM) e a
ex-distrital Eliana Pedrosa (Pros). Até poucos meses antes do registro das
candidaturas, Chagas era desconhecido da grande maioria da população, um
outsider. Depois das eleições, ele intensificou sua participação nas redes
sociais, sempre com críticas fortes ao STF e a petistas. Chegou a ficar
suspenso do Twitter ao xingar o comediante Gregorio Duvivier e o deputado Zeca
Dirceu (PT/PR). Ontem, tinha mais de 122 mil seguidores. Não é pouca coisa. A
repercussão da busca e apreensão na casa dele, determinada pelo ministro
Alexandre de Moraes, por supostamente propagar fake news, vai deixá-lo ainda
mais conhecido. Suas manifestações terão mais impacto.
Solidariedade
O general Paulo Chagas passou o dia recebendo
manifestações de solidariedade. Entre os que telefonaram está o senador José
Antônio Reguffe (Sem partido/DF), que depois fez um pronunciamento em que
criticou a decisão do ministro Alexandre de Moraes. “Foi um abuso de poder
inaceitável”, afirma Reguffe, um dos defensores da criação da chamada CPI da
Lava-Toga.
A pergunta que não quer calar….
Quando censura uma reportagem, o STF acaba criando
mais polêmica em torno do assunto?
Ana Maria
Campos – Coluna “Eixo Capital” – Fotos: Arthur Menescal/CB/D.A.Press – Geraldo Magela/Agência Senado - Correio
Braziliense
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