Senador Izalci Lucas (PSDB/DF)
O senhor aguarda convite do presidente Jair bolsonaro para o Ministério
da Educação?
Não. Isso é uma prerrogativa do presidente. É um cargo de confiança e
cabe a ele escolher, de acordo com o que ele priorizar para a educação.
O ministro Ricardo Vélez envolveu-se em polêmicas, entre as quais a de que os livros escolares precisam mudar o enfoque de 1964. O que acha
disso?
Fiz algumas críticas sobre o tema há algum tempo, quando uma revista fez
uma matéria, na qual comprovava que os livros didáticos escolhidos pelo MEC
estavam sendo usados para divulgar partidos e ideologias de esquerda. Nós já
tivemos neste país livros didáticos primorosos, cujos autores tinham extremo
cuidado com os conteúdos. A questão da aprendizagem é muito importante e não
pode ser alvo de radicalismos nem de propaganda.
Na sua visão houve golpe em 1964?
Nesse período, eu tinha apenas 8 anos de idade. O que fiquei sabendo
anos depois quando fui servir às Forças Armadas no Exército brasileiro é que o
movimento surgiu a partir de uma grande insatisfação popular que já estava nas
ruas. Creio que, em razão do recrudescimento do conflito, as Forças Armadas
foram instadas a resolver o problema. A tomada do poder central se deu depois,
consolidada pela edição do Ato Institucional nº 1. Entretanto, o endurecimento
só aconteceu algum tempo depois e não deveria ter durado tantos anos. Foi isso
que senti à época. Pouco se percebia que vivíamos uma ditadura, um estado de
exceção. Não havia terror e nem medo no cidadão comum.
Acha possível reverter decisão do TCU sobre a retenção pela União
do Imposto de Renda cobrado ao servidor de Segurança Pública do DF, medida
que pode resultar num grande impacto no orçamento da capital?
Não é fácil, mas nós estamos trabalhando para isso. Já fiz várias
reuniões no Tribunal de Contas sobre o assunto. Eu fiz auditoria do Fundo
Constitucional, ainda como deputado. Essa questão é de interpretação. Todos os
fundos, como o Fundo de Participação dos Municípios ou o Fundo de Participação
dos Estados, quando repassam o recurso, o imposto fica para quem pagou o
salário; então, o estado fica com o Imposto de Renda da folha de pagamento do
Fundo de Participação do Estado, o município, da mesma forma. Agora, quando se
fala em Fundo Constitucional do DF, há essa interpretação equivocada,
pois o Tribunal de Contas entende que o recurso é da União e, quando não é
executado, o dinheiro volta, como tem acontecido nos últimos anos. E nós já
perdemos quase R$ 1 bilhão.
Um dos temas controversos do momento é a transferência do líder do
PCC, Marcola, para a penitenciária federal de segurança máxima no DF.
Acha que isso coloca os moradores da capital em risco?
Lá atrás conseguimos impedir a construção do presídio de segurança
máxima em Planaltina pela atuação que fizemos na bancada. Já essa penitenciária
foi construída no complexo da Papuda. Eu, particularmente, não acompanhei a
obra. O governador da época, Rodrigo Rollemberg, deveria ter se preocupado com
isso, pois todos nós sabemos que, em qualquer presídio, um prisioneiro como o
Marcola, líder de organização criminosa, ligada ao tráfico, com poder muito
grande financeiro e econômico, tem toda a sua estrutura criminosa. Então, isso
realmente nos preocupa. Por isso, tratamos desse assunto em audiência com o
ministro Sérgio Moro, manifestando nossa preocupação. Nós conseguimos que o
ministro assumisse o compromisso de que, se houver qualquer indício de perigo,
qualquer informação de que possa estar acontecendo algum problema que traga
insegurança para o DF, ele não terá nenhuma dificuldade de fazer o rodízio. E
não há nenhum indício, segundo informações que ele tem da Polícia Federal, da
ABIN e das Forças Armadas.
Ana Maria Campos – Coluna “Eixo Capital” – Foto: Marcelo
Ferreira/CB/D.A.Press – Correio Braziliense
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