Ainda sofro de orgulho
*Por Ana Dubeux
Passo os olhos diariamente pelas paredes de minha
sala de trabalho como se varresse a poeira do tempo. Enxergo ali um passado que
me fortalece: as capas dos jornais que circularam nos aniversários de Brasília.
Já se vão décadas que o cerradão vermelho me tomou de assalto. Tanto pôr do sol
deslumbrante enfiando cabeça adentro o que o coração já avisava: você vai
ficar. Minha Recife foi virando sala de visita e Brasília tornou-se playground,
cozinha cheirosa, quintal verdinho. Tornou-se história: a minha, a sua, a
nossa.
Escrevendo, reconhecendo, reescrevendo, desenhando e pintando Brasília, por meio das páginas de jornal, fui solidificando em mim um sentimento de orgulho impróprio: aquele bairrismo forte, que me permite sofrer pela cidade que escolhi como minha. Sim, sofro. Porque qualquer ameaça a Brasília me faz tremer. Medo pelo que virá a se tornar a capital do Brasil, cada vez maior, com mais problemas e mais desafios.
Às vésperas de completar 59 anos, Brasília precisa de resgate. A memória de sua epopeia não pode se perder; a poesia de seu projeto tem que prevalecer. É preciso lembrar sempre de onde veio essa cidade. Feita de sonho e cerrado, do sangue dos candangos e da ousadia das novas gerações, Brasília não pode se perder na mesmice dos estereótipos. Jamais poderia se tornar apenas uma refém das coisas como elas são, mais um exemplo de tantas cidades assoreadas, saqueadas, perdidas.
Fomos referência e assim deveríamos permanecer. Patrimônio cultural da humanidade, dona de serviços públicos de qualidade por tanto tempo, anfitriã de todos os brasileiros, capital de oportunidades. Fiquei apreensiva quando o governo cunhou o slogan “Menos Brasília, mais Brasil”. As justificativas são amistosas, mas a preocupação é real. De que Brasil e de que Brasília estamos falando? É preciso cautela.
Longe dos estereótipos, Brasília pode ser vista apenas como uma cidade igual a todas. Mas não é, nunca será. Assim como outros cantos desse Brasil continental, ela tem uma identidade, um jeito, uma cara. Ame-a ou deixe-a? Não assim, simplesmente. Lutemos juntos para transformá-la na melhor cidade do país para se viver. Qualquer coisa abaixo disso é pouco. Neste aniversário, faça uma boa ação por Brasília: reflita, visite, aproprie-se dela, defenda com unhas e dentes. Sofra de orgulho – assim como eu.
Escrevendo, reconhecendo, reescrevendo, desenhando e pintando Brasília, por meio das páginas de jornal, fui solidificando em mim um sentimento de orgulho impróprio: aquele bairrismo forte, que me permite sofrer pela cidade que escolhi como minha. Sim, sofro. Porque qualquer ameaça a Brasília me faz tremer. Medo pelo que virá a se tornar a capital do Brasil, cada vez maior, com mais problemas e mais desafios.
Às vésperas de completar 59 anos, Brasília precisa de resgate. A memória de sua epopeia não pode se perder; a poesia de seu projeto tem que prevalecer. É preciso lembrar sempre de onde veio essa cidade. Feita de sonho e cerrado, do sangue dos candangos e da ousadia das novas gerações, Brasília não pode se perder na mesmice dos estereótipos. Jamais poderia se tornar apenas uma refém das coisas como elas são, mais um exemplo de tantas cidades assoreadas, saqueadas, perdidas.
Fomos referência e assim deveríamos permanecer. Patrimônio cultural da humanidade, dona de serviços públicos de qualidade por tanto tempo, anfitriã de todos os brasileiros, capital de oportunidades. Fiquei apreensiva quando o governo cunhou o slogan “Menos Brasília, mais Brasil”. As justificativas são amistosas, mas a preocupação é real. De que Brasil e de que Brasília estamos falando? É preciso cautela.
Longe dos estereótipos, Brasília pode ser vista apenas como uma cidade igual a todas. Mas não é, nunca será. Assim como outros cantos desse Brasil continental, ela tem uma identidade, um jeito, uma cara. Ame-a ou deixe-a? Não assim, simplesmente. Lutemos juntos para transformá-la na melhor cidade do país para se viver. Qualquer coisa abaixo disso é pouco. Neste aniversário, faça uma boa ação por Brasília: reflita, visite, aproprie-se dela, defenda com unhas e dentes. Sofra de orgulho – assim como eu.
(*) Ana Dubeux –
Editora Chefe do Correio Braziliense – Fotos/Ilustração: Blog – Google
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CRÔNICA