Apesar de
prever dezenas de cortes, Ibaneis mantém promessa de aumento para a Polícia
Civil. No mesmo dia em que projetou dezenas de tesouradas no orçamento caso não
consiga reverter uma decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), o governador
Ibaneis Rocha (MDB) afirmou que mantém o compromisso de conceder a paridade
salarial da Polícia Civil com a Federal, por meio do reajuste de 37%,
escalonado em seis parcelas.
“Nos
últimos anos, todas as categorias foram beneficiadas. Mas, como as Polícias
Civil e Militar e o Corpo de Bombeiros dependem de uma medida provisória ou de
projeto de lei do governo federal para conseguir o aumento, estão com uma
defasagem muito grande”, disse, nesta quarta-feira (10/04), em entrevista ao
CB.Poder, uma parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília.
O acórdão
do TCU estabeleceu que os valores do imposto de renda das forças de segurança
do DF pertencem a União e, não, à capital, que as retém desde 2003 — a decisão
imputou uma dívida de R$ 10 bilhões ao GDF, além da perda de R$ 700 milhões em
arrecadação ao ano. A condição, entretanto, não compromete a promessa de
campanha, segundo Ibaneis. “Esses R$ 700 milhões não saem do Fundo
Constitucional [que custeia os salários]. Saem do orçamento, porque são
provenientes de impostos. Então, o Fundo ainda comporta o pagamento deles”,
explicou.
Apesar
das declarações do governador, a concessão da paridade depende do aval do
governo federal. Nos bastidores do Ministério do Planejamento, a proposta é
vista como inconveniente ao momento em que o Planalto articula a reforma da
Previdência e precisa manter o discurso de austeridade. A estimativa é de que o
reajuste custe R$ 600 milhões ao Fundo Constitucional do DF.
DFTrans: O
governador também fez um balanço dos 100 dias à frente do Palácio do Buriti e
falou sobre as principais dificuldades. Entre elas, as constantes falhas no
DFTrans. Para reverter o quadro, Ibaneis pediu à equipe a elaboração, até a
próxima semana, de um projeto de lei para extinguir o órgão — a proposta será
encaminhada à Câmara Legislativa. “Só não irá acabar se os distritais acharem
por bem mantê-lo”, cravou.
A
bilhetagem do DFTrans passará para as mãos do BRB e, caso o órgão de fato seja
extinto, as demais funções ficarão a cargo da subsecretaria de Fiscalização,
vinculada à Secretaria de Mobilidade. “O DFTrans ficou entranhado nas empresas
que passaram por lá, pela quantidade de roubos e pelas diversas operações
policiais. Eles não conseguem planejar um futuro. Então, vou tocar o meu
projeto”, complementou.
De acordo
com o governador, a saúde é a área que mais o surpreendeu em relação aos
avanços nos três primeiros meses de comando. “Tivemos o apoio da Câmara
Legislativa para ampliar o alcance do Instituto. Estamos terminando de reformar
todas as UPAs coordenadas por ele. Além disso, o Hospital Regional de Santa
Maria está com novos equipamentos, finalizando a seleção de profissionais.
Pagamos horas atrasadas, fizemos mais de 16 mil cirurgias”, detalhou. Em
contrapartida, afirmou que a gestão precisa “acelerar um pouco mais” na área de
educação. “É um setor que ficou abandonado por muitos anos, sucateado.
Precisamos construir escolas e creches”, frisou.
Centrad: Ibaneis
Rocha afirmou, ainda, que pretende resolver, nos próximos seis meses, o futuro
de um dos maiores elefantes brancos da capital: o Centro Administrativo do
Distrito Federal (CADF), localizado em Taguatinga. A transição deve começar
nesta sexta-feira. “A partir da assinatura do documento, vamos iniciar as obras
complementares para conseguir o habite-se, além das obras viárias nas
imediações. Também lançaremos as licitações para equipar o local”, alegou.
Segundo o
governador, o preço para a compra do imóvel será fechado após uma análise
elaborada pela Caixa Econômica Federal e pelo Escritório das Nações Unidas
de Serviços para Projetos (Unops). “Até lá, não pagaremos nada. É um absurdo
uma obra monumental, construída em um terreno do DF, ficar abandonada”, disse.
Por Ana
Viriato Foto: Arthur Menescal/CB/D.A.;Press - CB.Poder - Correio Braziliense
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