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Entrevista: Robson Rodovalho - Fundador da Sara Nossa Terra e ex deputado federal


A reforma da Previdência tem prioridade total. Líder da Igreja Sara Nossa Terra e ex-deputado federal, o bispo Rodovalho reforçou, em entrevista ao CB.Poder, a necessidade de união para aprovar mudanças na aposentadoria. Também defendeu diálogo para o pacote anticrime do ministro Sérgio Moro

O bispo Robson Rodovalho, ex-deputado federal e fundador da Igreja Sara Nossa Terra, participou ontem do programa CB.Poder, parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília. A entrevista abordou temas como abertura do escritório pelo governo federal em Jerusalém e reformas, como a da Previdência. O religioso também fez uma análise dos primeiros meses do governo Jair Bolsonaro (PSL) e do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB). Para o bispo, ambas as gestões estão no caminho certo. Rodovalho ainda comentou o sentimento da população com a política brasileira e a transferência de líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC) à Penitenciária Federal de Brasília.

O senhor apoiou Jair Bolsonaro, e essa transferência (da embaixada do Brasil para Jerusalém) era uma das promessas de campanha dele. Como o senhor avalia esse recuo e por que essa questão da transferência é tão importante para a população evangélica?
Jerusalém, para quem conhece, é uma cidade onde convivem as três etnias que hoje estão em Israel: os judeus, os cristãos e os árabes. Jerusalém é uma amostra de todas essas diferenças e segmentos, o que Tel Aviv, a capital, não tem. Então, a capital de Jerusalém estaria muito mais protegida do que Israel, que tem a responsabilidade de proteger essas etnias que lá estão. Tem de convidar os países da linha árabe para conversar, discutir e dialogar e mostrar que todo mundo ganha.

O anúncio seria a criação de embaixada, mas agora é escritório.  
A meu ver, ele recuou acertadamente. Precisamos amadurecer e de gente que trabalha no diálogo. Agora, são gritos unilaterais. O governo Trump é firme, decidido, forte, tem meu aval para muitas coisas, mas também não é de muito diálogo. O que precisa é que o Brasil lidere o processo de diálogo.

Qual a intenção de Bolsonaro em se aproximar de Israel? Por que é tão importante essa relação? 
O presidente foi eleito com apoio, majoritariamente, cristão. Tanto os evangélicos quanto católicos têm em Israel e em Jerusalém um afeto muito grande, até por causa das promessas bíblicas. Você não lê a Bíblia sem passar por Jerusalém ou Israel. Até hoje, usamos o nome Terra Santa, o que gera contradição, porque lá tem tanta gente armada. Além disso, Israel, hoje, é um berço da grande descoberta tecnológica da atualidade, trabalham com dessalinização da água, quântica em laboratórios, desenvolvimento da comunicação e nanopartículas.

Como o senhor avalia os três meses de governo Bolsonaro?
As mudanças que nós precisávamos e precisamos são muitas. Estamos vivendo crise de estados, de folhas de pagamento. Esse balanço econômico está comprometendo a gestão pública. Então, acho que a nossa geração tem de ter coragem de enfrentar certas coisas. São polêmicas, mexe com muitos interesses e conceitos. Hoje, com redes sociais, tudo é explosivo. O presidente ganhou em cima da rede social. Ele tem um público a quem ele precisa prestar conta. Ele tem uma energia boa, é cômico e engraçado. A equipe do presidente está fazendo acertos.

O que será mais difícil aprovar? A reforma da Previdência ou o pacote anticrime do ministro Sérgio Moro?  
Acho que a reforma da Previdência tem prioridade total. A reforma do Moro é muito digna, grande e gigante. Ele é um cara fantástico, um presente que o Brasil quer. Tem grande estatura moral, conceitual e rara. É difícil você encontrar esses fatores em uma pessoa. A prioridade é a economia e a geração de emprego.

Será que a reforma da Previdência vai ficar no escuro para adiar a discussão do pacote anticrime?  
Vamos adiar isso até quando? Estamos acompanhando os passos dos parlamentares, partidos e, quem pensa em ter sobrevivência política, vai ter de se alinhar com essas pautas. Não teremos espaço para mentalidade da política antiga. Estamos em um novo momento, temos de entender isso.

A gente conversa muito com a população e não vê esse sentimento positivo, de que a velha política de fato está chegando ao fim. O que o senhor acha disso?
A sociedade brasileira está traumatizada politicamente. Quantos impeachment nós tivemos? Você tem uma esperança maravilhosa e você a vê virando pó. Acho que é natural a rua ter esse sentimento, mas acredito que há chances de termos nova perspectivas, fazendo acontecer a reforma tributária, jurídica e outras que nós temos.

Como avalia o governo de Ibaneis? 
Avalio que está paralelo ao governo federal. O início dos jogos sempre é complicado, afina a máquina, conhece o secretariado, dá as metas para começar a construir as diretrizes, formar o ritmo da administração. Ele está ajustando as coisas, mas, na semana passada, recebeu a notícia de que terá de devolver R$ 10 bilhões. Para mim, de todas regiões do Brasil, o DF é o mais complexo. Ele depende do Fundo Constitucional e da máquina pública. Em Brasília, não conseguimos desenvolver, e as iniciativas de empresas são lentas para geração de emprego. Alguns meses atrás, já havia comprometimento de mais de 78% do orçamento, incluindo o Fundo Constitucional com despesas de custeio.

A polêmica dos últimos dias foi o embate entre Ibaneis e Sérgio Moro, em relação à transferência do Marcola, líder do PCC, para a Penitenciária Federal de Brasília. Esse tipo de discurso não acaba afastando o governo do DF do federal?
Concordo com o governador Ibaneis. Fiquei muito preocupado com essa decisão. Agora, eu confio muito no bom senso do ministro Moro. Ele é cauteloso nas análises.

CB.Poder – Foto: Ed Alves/CB/D.A.Press – Correio Braziliense

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