Lulu Landwehr, 93 anos: guerreira e determinada . A romena Lulu
sobreviveu ao campo de concentração de Auschwitz, na Polônia, durante a Segunda
Guerra Mundial: família constituída em Brasília
Morreu, na manhã de ontem, a romena Lulu Landwehr, 93 anos. A história
dela ficou conhecida, principalmente, pelos inúmeros trechos marcados pela luta
para sobreviver. Judia, ela foi presa e mantida no campo de concentração de
Auschwitz, na Polônia, durante a Segunda Guerra Mundial. Em 1962, mudou-se para
Brasília, onde constituiu família com filhos e netos. A moradora da Asa Sul não
resistiu às complicações no rim e a doenças acumuladas ao longo do tempo.
Além de enfrentar o antissemitismo, Lulu lutou contra a fome, a
tuberculose e um câncer. Com apenas um pulmão e problemas de hipertensão, ela
tinha um quadro de saúde delicado. O corpo dela foi sepultado, na tarde de
ontem, na parte israelita do Cemitério Campo da Esperança. À noite, parentes e
amigos participaram de uma sessão de oração na sinagoga da Associação Cultural
Israelita Brasília em homenagem à memória de Lulu.
A vida da romena foi registrada no livro autobiográfico E Pilatos lavou
as mãos e em matérias do Correio. O segundo filho, Roberto Landwehr, 64, contou
do amor da mãe pela capital. A filha de Lulu, Vivienne Landwehr, 65, disse que
ela superou contratempos ao longo de toda a vida. “Minha mãe passou fome na
infância, sobreviveu a uma tuberculose, a um câncer e veio para Brasília em uma
época de muita poeira, tendo apenas um pulmão. Ela foi uma guerreira”, disse
Vivienne.
Lulu passou três meses em Auschwitz e perdeu os pais na câmara de gás.
Ela deixou o campo após ser selecionada para trabalhar em uma fábrica de
munições na Alemanha. Depois da guerra, mudou-se para os Estados Unidos, onde
tinha familiares. Na Alemanha, a imigração norte-americana a obrigou a repensar
os planos. A tuberculose, contudo, fez com que ela precisasse ficar internada
em um sanatório, onde permaneceu sob cuidados médicos até se curar.
“Ela e meu pai, também falecido, passaram por outros países e estados,
mas se identificaram muito com Brasília. Foi aqui que eles tiveram oportunidade
de crescer, mesmo sem estudos”, revelou o filho, Roberto. Lulu deixou um casal
de filhos e duas netas, de 31 e 27 anos. (JE)
Alan Rios – Foto: Carlos Vieira/CB/D.A.Press – Correio Braziliense
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