Rio Melchior, poluição é problema antigo
Proteção às nascentes
*Por Circe Cunha
Reportagem publicada pelo Correio, intitulada “Rios do DF estão
condenado à morte”, faz um apanhado geral sobre a situação dos mananciais na
capital do país. O quadro é bastante preocupante sobre o futuro do
abastecimento de água potável para uma população que não para de crescer. As
cidades, assim como os humanos, não podem prescindir da água. Em muitas
localidades espalhadas pelo planeta, é possível divisar inúmeras ruínas de
antigas civilizações, abandonadas por seus habitantes, tão logo a escassez de
água se tornou problema sem solução.
Insumo básico ao homem e ao ambiente urbano, sem água não haverá nem um
nem outro. O mais grave é a reportagem mostrar que não há carência de recurso
hídrico. Pelo contrário, existe boa distribuição natural dos veios d’água na
região central do país. O cerrado é, inclusive, corretamente lembrado como “pai
das águas do Brasil”, pelo papel que desempenha na formação das principais
bacias hidrográficas do país e do continente. O que ocorre, de fato, é o crime
do descaso em todas as vertentes.
A poluição crescente dos principais rios da região urbana de Brasília
decorre de fatores conhecidos há longa data, mas eles não têm sido devidamente
corrigidos pelas autoridades nem pela população. A deterioração progressiva da
qualidade das águas dos rios da região tem fatores comuns: a expansão
desordenada e irregular da ocupação do solo.
Com a promulgação da Carta de 1988, dando autonomia política ao DF, as
terras, mesmo as situadas em áreas de proteção ambiental, se transformaram, da
noite para o dia, em moeda de troca política — tipo um voto, um lote. A mancha
urbana que em 1989 ocupava 30.962 hectares pulou para 65.690 hectares no fim de
2006. Pior é que a pressão populacional exercida sobre os recursos naturais não
para de crescer. Estima-se que 25% dos domicílios urbanos estejam edificados
diretamente sobre áreas de proteção ambiental, o que agrava o problema.
Lançamentos de esgoto in natura, captação irregular da água por
caminhões-pipa e poços artesianos clandestinos têm aumentado nos últimos anos.
Com isso, sobem os custos com o tratamento da água. O problema do abastecimento
de água com qualidade para a população não deveria ser enfrentado apenas na
ponta final do tratamento, cujos custos superam R$ 14 milhões
mensalmente. O problema está na origem: a nascente que deve ser protegida a
todo custo, para o bem e o futuro dos brasilienses.
Mas em vez de proteger as nascentes, o poder público decidiu usar
a água do Lago Paranoá para abastecer 600 mil pessoas moradoras das regiões do
Lago Norte, Itapoã, Sobradinho I e II, Planaltina, São Sebastião e condomínios
da região norte, inclusive o do Grande Colorado.
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A frase que foi pronunciada
“O
caráter de um homem é formado pelas pessoas que escolheu para conviver.”
(Sigmund Freud)
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Os melhores
Muita gente não sabe que Samambaia é a maior produtora de técnicos de
luz e som das grandes festas do Plano Piloto. Com o desemprego, um vizinho
passa a informação da necessidade dessa mão de obra para o outro, ensina a
profissão e o resultado é uma cidade repleta de trabalhadores nos pontos de
ônibus chegando à casa com o nascer do sol.
Lixo zero
Os moradores do Park Way iniciaram um movimento para a redução de
rejeitos no bairro, que é privilegiado pelas muitas áreas de preservação
permanente da flora e da fauna do cerrado. A iniciativa é um grande desafio,
pois nem todos têm preocupação nem cuidado com o patrimônio natural.
(*) Circe Cunha – Coluna “Visto, lido e ouvido” – Ari Cunha – Correio
Braziliense – Foto: Gustavo Moreno/CB/D.A.Press - Ilustração: Blog – Google
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ÁGUA E MEIO AMBIENTE