Trânsito sem educação mata
Por Circe Cunha
Educação no trânsito deveria ser uma exigência e
uma necessidade para todos os habitantes de uma cidade, sejam eles motoristas,
pedestres, ciclistas ou motociclistas. Todos, igualmente, devem obedecer e
cumprir as regras impostas pela legislação de trânsito. Essa é, talvez, a única
alternativa que temos para garantir a segurança e o bem-estar das pessoas,
ainda mais numa cidade com uma frota impressionante de quase 60 veículos para
cada conjunto de 100 habitantes.
São quase dois milhões de veículos circulando todos
os dias por nossas ruas, em meio a uma imensidão de motociclistas, a maioria
envolvida com serviços de entrega de produtos e serviços. Somem-se ainda, a
essa babilônia de veículos de quatro e duas rodas, um contingente fabuloso de
ciclistas, que cortam a cidade, de ponta a ponta, aumentando significativamente
nos fins de semana. Para esses condutores sobre duas rodas, as leis de trânsito
não causam embaraço, sendo comum verificar que o uso de capacete e de outros
itens de segurança praticamente só são vistos com ciclistas que usam a
bicicleta como hobby de fim de semana.
É justamente esse crescente número de ciclistas,
que circulam livres das exigências das leis de trânsito, que mais tem
preocupado as autoridades pelo elevado número de acidentes de atropelamentos
ocorridos todos os dias em todo o Distrito Federal. São, no mínimo, dois
acidentes fatais a cada mês, o que torna nosso trânsito particularmente hostil
a essas modalidades de transporte.
Entre o ano 2000 e 2018, 764 ciclistas perderam a
vida nas ruas da capital. Isso sem falar da quantidade de outros usuários de bicicleta
que ficam com sequelas para o resto da vida. Para os motociclistas,
principalmente para aqueles que usam a moto como ocupação profissional, os
números de acidentes também são impressionantes. Três em cada dez acidentes no
trânsito tem motociclistas como vítimas. Uma média de quase 100 motociclistas
perdem a vida todos os anos nas várias vias que cortam o Distrito Federal. Para
aqueles que escapam com vida dessa fatalidade, uma boa parcela também fica
impossibilitado de voltar a ter uma vida normal e trabalhar.
Para complicar uma situação que em si já é caótica,
registram-se também, a cada instante, motoristas dirigindo sob o efeito de
álcool ou drogas, utilizando celulares ou trafegando em alta velocidade. Numa
situação como essa, em que sobram condutores e faltam medidas educativas,
acidentes com mortes e sequelas enlutam famílias e causam prejuízos bilionários
para a economia do Estado.
Estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea) mostrou que os acidentes de trânsito em todas as
estradas do país custaram mais de R$ 40 bilhões à economia nacional, apenas no
ano de 2015. 65% desses sinistros foram gastos com cuidados pós acidentes. Em
2017 foram registrados 180 mil acidentes, com custos da ordem de R$ 260 milhões
aos cofres públicos. Bem menos do que seria gasto com campanhas educacionais,
antes que o trânsito de Brasília seja contaminado pelos milhares de motoristas
que chegaram aqui nos últimos dez anos.
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Políticas públicas: Veja a seguir a gravação da
Reunião preparatória da Associação Being Tao (ABT). Muitas mudanças por uma
saúde menos inspirada nos lucros e mais respeitada pelos profissionais, além de
políticas públicas em processo de implementação. Acompanhe a documentação da
16ª Conferência Nacional de Saúde ocorrida paralelamente. (Vídeo)
Link de acesso à
documentação: 16ª CONFERÊNCIA
NACIONAL DE SAÚDE
Difusão: Quem tiver seu veículo
roubado/furtado pode inserir a informação direto no site da PRF: www.prf.gov.br/sinal. Todos os PRF`s, num raio de 100 km,
receberão a mensagem em seu celular funcional. Inovação.
(*) Por Circe Cunha – Coluna “Visto, lido e ouvido”
– Ari Cuna – Foto: Tony Winston/Agência
Brasília - Correio Braziliense
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EDUCAÇÃO