Justiça condena Jaqueline e Weslliane Roriz por
lavagem de dinheiro. A 2ª Vara Criminal de Brasília condenou, nesta
segunda-feira (17/06), a ex-deputada federal Jaqueline Roriz e Weslliane Roriz,
filhas do ex-governador Joaquim Roriz, a três anos de prisão em regime aberto e
ao pagamento de multa pelo crime de lavagem de dinheiro. Conforme a denúncia do
Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), o ex-chefe do Palácio do Buriti
interferiu no processo de liberação de um empréstimo do BRB de R$ 6,7 milhões,
destinado à construção do Residencial Monet, em Águas Claras, para os irmãos
Cortopassi. Em troca, teria recebido 12 apartamentos no empreendimento, que
foram distribuídos entre seus familiares
O juiz Márcio Evangelista Ferreira da Silva ainda
sentenciou os empresários Roberto e Renato Cortopassi a 5 anos e 8 meses de
prisão em regime semiaberto e à quitação de multa pelos crimes de corrupção
ativa e lavagem de dinheiro. Os ex-dirigentes do BRB Franklim Moura, Antônio
Cardozo e Geraldo Rui Pereira foram condenados por corrupção passiva e lavagem
de dinheiro a 2 anos e 8 meses de reclusão em regime aberto e ao pagamento de
multa.
Em janeiro deste ano, pelo mesmo episódio, o
Conselho Especial do TJDFT absolveu a ex-distrital Liliane Roriz da denúncia de
lavagem de dinheiro. Morto em setembro de 2018, Joaquim Roriz teve a punibilidade
extinta. Na área cível, todos os denunciados foram absolvidos no âmbito da ação
de improbidade administrativa.
Esquema: A ação do Grupo de Atuação Especial
de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) aponta que Roberto e Renato Cortopassi
teriam recorrido ao então governador Roriz em busca de ajuda com os
empréstimos. Os recursos foram usados para a construção de duas torres de 16
andares, com 48 apartamentos cada uma. “Como contraprestação pela intervenção
realizada junto aos dirigentes do BRB, o réu Joaquim Roriz teria recebido 12
apartamentos no referido condomínio , sob intermédio de suas filhas, Jaqueline
Maria Roriz, Liliane Maria Roriz e Weslliane Maria Roriz Neuls, seu neto
Rodrigo Domingos Roriz Abreu, e da empresa JJL Administração e Participação,
representada por sua filha Weslliane”, diz trecho da acusação.
O MP alega que a operação foi disfarçada por meio
da empresa Coss Construção Ltda, que teria realizado o negócio de compra e
venda de maneira fictícia junto à WRJ Engenharia. A investigação do caso
começou com a Operação Aquarela, conduzida pelo Gaeco. A ação, deflagrada em
junho de 2007, incluiu o cumprimento de mandados de busca e apreensão e a
prisão do ex-presidente do BRB Franklim Moura. A investigação apurou crimes
contra a administração pública, fraude à licitação, peculato, lavagem de
dinheiro e formação de quadrilha. As investigações da operação Caixa de Pandora
também subsidiaram o processo.
Outro lado: José Milton Ferreira, advogado de
Jaqueline e Wesliane Roriz, disse não ter conhecimento do teor da sentença mas
afirmou que está “profundamente impressionado e indignado com a condenação”.
“Essa matéria foi julgada em uma ação civil pública, com a absolvição de todos,
e foi analisada também pelo Conselho Especial do Tribunal de Justiça, que
absolveu Liliane Roriz. A situação é a mesma”, argumenta Ferreira.
“Vamos recorrer para questionar onde o magistrado
teria buscado fundamentos para a condenação, porque no processo não existe
nenhum elemento”, acrescenta o advogado. Júlio César de Souza Lima, defensor
dos irmãos Cortopassi, adiantou que vai recorrer, mas não quis comentar
detalhes da sentença porque ainda não teve acesso ao teor do documento. A
reportagem não localizou as defesas dos ex-dirigentes do BRB.
Helena
Mader - Ana Viriato - CB.Poder - Fotos: Daniel Ferreira/CB/D.A.Press - Correio
Braziliense
Tags
JUSTIÇA