Para aspergir só pensamentos positivos
*Por Jane Godoy
Depois de tantos anos (desde os preparativos para o
cinquentenário de Brasília, em 2010) reivindicando todas as melhorias tão
necessárias para “arrumar a casa da aniversariante”, até já perdi a conta de
quantas vezes escrevi sobre todos os pontos mortos de Brasília, aqueles que
precisam urgentemente de revitalização.
Um sonho, creio que de todos os brasilienses, é ver
a nossa Brasília bem perto da perfeição e ostentando, altaneira, tudo o que a
possa levar ao maior conceito de cidade organizada, bonita, onde a deterioração
de monumentos, praças, logradouros, teatro e tudo o mais, passem bem longe da
Capital da República, tão visitada por pessoas do mundo inteiro, tão admirada
pelo seu aspecto arrojado e futurista.
Por isso, todos nós, brasilienses de coração, por
escolha ou de nascimento, não nos cansamos de sonhar e de desejar que alguém
consiga atingir o ápice da realização de todos os sonhos e, como num passe de
mágica possamos abrir os olhos um dia e vislumbrarmos uma Brasília na plenitude
de seus sessenta anos.
Foi daí que veio a inspiração da criação do lema do
aniversário, que comecei a divulgar neste espaço, desde março: Brasília, na
plenitude de seus 60 anos!
Plenitude é uma palavra muito forte, que o
Dicionário Aurélio define como: “Qualidade ou estado de pleno. Em plena ou
máxima extensão, brilho, glória… uma beleza em plenitude”.
O acadêmico Adirson Vasconcelos em seu livro
Brasil, Capital Brasília — A história de Brasília, ontem hoje e amanhã —, em
português, inglês e espanhol, no capítulo que intitulou Brasília e a visão de
futuro, nos conta que, “Desde o seu primeiro sopro de vida, Brasília tem sido
vocacionada para viver intensamente o futuro. E desempenhar, nele, um papel
significativo.” E segue mencionando “o sonho profético de Dom Bosco”, afirmando
que “muitos brasileiros clarividentes prognosticaram maravilhas para o Brasil,
com a mudança da capital federal para o interior do país”.
Hoje, 136 anos depois que dom Bosco sonhou, em
Turim, na Itália (1883), com “a terra prometida” e, 59 anos depois da
transferência da capital federal para o interior do Brasil, com muita pena e
preocupação vemos que o que mais precisamos é fazer promessas para que Dom
Bosco nos ajude a, realmente, fazer surgir a “nova civilização”.
Plena de cuidados, zelo e boas intenções, em vez de
termos que conviver com a escuridão dos monumentos e de boa parte da cidade; o
abandono de nosso principal teatro durante cinco anos; uma linda torre às
escuras e sem vida; a Torre Digital fechada e sem a menor utilidade e interesse
de colocá-la em evidência; cidades sem metrô, trânsito caótico e sem solução e
muito, muito mais que este espaço não possibilita enumerar.
Que Dom Bosco nos leve a sonhar com a restauração
de todos os pontos mortos que, se elencados um a um, teríamos que ocupar todo o
jornal.
Teremos, então, a alegria de viver numa
cidade/capital modelo e exemplo para o mundo, onde não só as obras
arquitetônicas e Oscar Niemeyer, Lucio Costa, Athos Bulcão e Burle Marx
chamarão a atenção mas sim, uma cidade administrada com amor e respeito, onde
vivem pessoas educadas e perfeitos cidadãos.
Aí, sim, todos teremos orgulho de viver na capital
“do Terceiro Milênio”.
(*) Jane Godoy – Coluna 360 Graus – Foto: Ed Alves/CB/D.A.Press –
Correio Braziliense
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