Pioneiro: faleceu José Vieira, poeta e repentista,
90 anos
Brasília deu adeus
a um dos pioneiros da cidade. Aos 90 anos, o poeta e repentista José Vieira
morreu na manhã de ontem, devido a um infarto. Ele deixa a companheira, Maria
do Carmo Farias Vieira, e os filhos José Carlos, Carleuza, Célia e Paulo César.
Nascido em Cajazeiras (PB), chegou ao Distrito Federal em 1960. Morou na então
Cidade Livre, hoje Núcleo Bandeirante.
Mecânico de mão
cheia, conseguiu, um ano depois, ser sorteado para o financiamento de um
terreno em Taguatinga Centro, à época, Setor Automobilístico. A cidade
conquistou o poeta paraibano, que gostava de caminhar pelas ruas espalhando
versos e bom humor. Construiu uma trajetória de trabalho e de humanismo,
recebendo em casa inúmeros nordestinos que vinham atrás de um sonho.
O filho José
Carlos Vieira, editor de Cidades, Cultura e da Revista do Correio, lembra com
carinho da empatia indiscriminada do pai. “Certa vez, caminhando com ele no
calçadão (em Taguatinga), perguntei por que ele desejava bom dia para todas as
pessoas, mesmo que algumas não correspondessem educadamente, ao que ele
respondeu: ‘Meu filho, não importa se algumas pessoas não respondam. Eu quero
desejar coisas boas para elas.’”
Funcionários do
Correio que tiveram a oportunidade de conviver com o “seu Zé Vieira” elogiam a
forma como ele acolhia a todos. “Era uma pessoa que recebia todo mundo bem e
com um poema. Você chegava na casa dele e ele já começava a improvisar um
repente. Era uma figura”, lembra o subeditor de Cultura Igor Silveira. “Um
homem que soube o quanto a poesia é importante para a vida. Foi sempre uma
felicidade todas as vezes que tive a oportunidade de ouvi-lo”, acrescenta o
editor de Política Leonardo Cavalcanti.
Hoje, família e
amigos se despedem na Capela 3, do Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul,
onde ele será velado a partir das 8h. O sepultamento está previsto para as 11h.
“Se um dia eu tiver o privilégio
“Se um dia eu tiver o privilégio
De nascer n’outra
terra de alegria,
O nordeste era a
terra
que eu queria
Para de novo se dar
meu nascimento.
A viola seria o
instrumento
caprichosa de bravo
e de pudor.
Eu ia pro mesmo
interior
Outra vez rogar
santo pra chover.
Se um dia eu
nascer, eu quero ser
Nordestino, poeta e
cantador”
(José Vieira)
Mariana Machado –
Correio Braziliense
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