A volta da civilidade e do patriotismo
Amo meu neto e o ensinei a cantar o Hino Nacional Brasileiro e ofereci, de presente, uma mini Bandeira Nacional
Amo meu neto e o ensinei a cantar o Hino Nacional Brasileiro e ofereci, de presente, uma mini Bandeira Nacional
*Por Jane Godoy
“O Conselho Especial da Tribunal de Justiça do DF e
dos Territórios (TJDFT) julgou, na terça-feira (23), a
constitucionalidade da Lei nº 6.122, de 2018, que obriga as escolas públicas e
privadas da capital, a incluírem a disciplina Educação Moral e Cívica na grade
curricular do ensino infantil e fundamental. O texto, de autoria do ex-
Distrital Raimundo Ribeiro, resgata um conteúdo ministrado em dois regimes
autoritários brasileiros, li no jornal esta semana. Segundo a notícia, o
ex-deputado justificou: “A disciplina não quer catequizar, mas, sim, estimular
a reflexão do pensamento voltado aos valores éticos e morais”.
Se os leitores têm boa memória, há quase 17 anos
clamo pela volta da disciplina Educação Moral e Cívica nas escolas colocando
essa medida, como a única chance de resgatarmos, junto aos jovens e aos
adultos, a palavrinhas mais simples e que deveriam ser recorrentes na vida dos
pais de família, dos filhos, dos irmão, dos amigos, dos alunos e professores:
Educação, Civilidade, Respeito, Civismo, Patriotismo.
Já escrevi aqui que, até hoje, não entendo quem foi
o gênio e a sapiência que, numa canetada desastrosa, aboliu essa disciplina do
currículo escolar. Entendo, menos ainda, a associação da exigência dela junto
ao português, matemática, ciências, história e geografia, como sendo uma medida
“oriunda do regime autoritário”.
Minha veemência diante de tal disparate e falta de
conhecimento por parte de quem pensa assim tem uma explicação séria e
consciente: fui professora dessa matéria e de outra, que se chamava Organização
Social e Política Brasileira (OSPB) , durante cinco anos. Eram aulas
antológicas.
De um tempo em que, quando o professor entrava na
sala de aula, os alunos se levantavam e cumprimentavam o mestre com sonoro “Bom
dia”. Como dei aulas num colégio religioso, nossa saudação era: Ave Jesus! e os
alunos respondiam: “Ave Maria!” Só para ilustrar e transmitir a certeza de que
havia respeito entre alunos e professores, a “mestra” aqui era “uma menina” de
apenas 19 anos, devido ao fato de estar cursando direito na universidade.
No meu caso, professora das duas matérias
imprescindíveis para a educação e “estímulo do pensamento voltado aos valores
éticos e morais”, após a sonora e sorridente saudação matinal, as alunas
permaneciam de pé, pois nossas aulas só começavam com o Hino Nacional
Brasileiro, em posição respeitosa, diante da bandeira que, a cada semana, uma
das alunas era encarregada de colocar no alto do quadro negro. Elas disputavam,
honradas, essa tarefa. Por isso, revezavam.
No lugar do alegre “Bom dia, professor” o que esses
heróis enfrentam? Falta de respeito, agressões e pancadarias, demonstrações de
violência e até pornografia em sala de aula, quando não agridem fisicamente
aqueles que estão alí, ganhando uma miséria, com salários atrasados, para
tentar levar um mínimo de cultura e conhecimento a verdadeiros vândalos, que
destroem o patrimônio público, rabiscam carteiras e quebram vidros, deixam o
chão e o pátio como uma pocilga, crescem sem a menor noção do que é respeitar
os superiores, os mais velhos, à família, os idosos, os trabalhadores que lutam
por dias melhores. Não estou citando nada novo. Basta abrir os jornais e
prestar atenção ao noticiário das TVs.
É isso que querem para as futuras gerações? Ser
educado, respeitador, civilizado, patriota, ético, verdadeiros cidadãos é viver
sob a chibata da ditadura? Que mentalidade tacanha e involuída! É o mesmo que
se julgarem brucutus, dos tempos das cavernas. Aliás, é só uma imagem. pois
naquela civilização, segundo conta a história, existia respeito às famílias e
aos chefes dos núcleos de cada região. Assim como no mundo animal também. Para
eles, os “irracionais” família, mãe e pai são tudo e merecem respeito..
Que triste pensar que de 30 a 40 anos para cá, pais
e mestres já não receberam, nos bancos escolares, essas noções todas, que os
transformariam em seres humanos do bem.
Com exceções, é claro, hoje o bonito é ser valente,
invadir patrimônio alheio, queimar máquinas e ferramentas de quem trabalha com
elas, destruir casa, matar o gado e incendiar lavouras, quebrar tudo para se
divertir e preencher o tempo.
Isso porque a falta de discernimento e de
doutrinação sobre cidadania, banidas do currículo, não os ensinou, desde os
bancos escolares, o que o romano Enec Domitius Ultpianus pregava, antes de
Cristo:
“Honeste vivere: viver honestamente; Alterum Non
laedere: Não lesar a outrem; Suum Cuique Tribuere: Dar a cada um o que é seu”.
Pergunto a todos: o sábio romano vivia sob a
pressão de uma ditadura? De “um regime autoritário?” Não! Antes de Cristo ele
já nos ensinava como devemos passar por esse mundo. Como seres humanos, é
claro!
O que será do mundo sem o controle da educação, do
civismo, do respeito à pátria e à família e ao patrimônio, da civilidade, da
solidariedade e do respeito mútuo?
(*) Jane Godoy – Coluna 360 Graus – Correio
Braziliense
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