Sindicalistas estiveram ontem no
Teatro Nacional e se supreenderam com as condições do local: mofo, infiltrações
e rachaduras
Ação pelo Teatro Nacional.Representantes do GDF e
do setor produtivo se mobilizam para recuperar uma das obras mais simbólicas de
Oscar Niemeyer na capital federal. Estão previstas campanhas de arrecadação e
busca por empréstimos
Sindicatos representantes do setor produtivo
iniciaram uma mobilização para arrecadar o montante necessário à reforma do
Teatro Nacional Claudio Santoro, fechado há quase cinco anos. Capitaneado pela
Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal
(Fecomércio/DF), o grupo de trabalho pretende, a princípio, angariar R$ 20
milhões para a revitalização da menor sala do conjunto arquitetônico: a Martins
Pena, que tem 450 assentos. As propostas para conseguir recursos devem ser
apresentadas à Secretaria de Cultura e Economia Criativa em até 15 dias.
Os sindicalistas visitaram o complexo ontem para
conferir o estado da estrutura. As condições são críticas: há mofo,
infiltrações, fios soltos e rachaduras. “Um equipamento dessa importância
não é responsabilidade apenas do governo, mas de toda a sociedade civil. Uma
das possibilidades avaliadas pelo setor produtivo é a de doar os recursos ou
assumir as obras”, explicou o presidente da Fecomércio/DF, Francisco Maia.
O secretário de Cultura e Economia Criativa, Adão
Cândido, afirmou que o governo trabalha em outras frentes para iniciar a
recuperação do projeto arquitetônico. “Estamos em tratativas para captar
recursos do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) e do
Fundo de Direitos Difusos (FDD). O prazo para o término das obras é o
aniversário da cidade, em 21 de abril”, afirmou.
O titular da pasta adiantou que o GDF não desistiu
de usar recursos do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) previstos para pequenos
projetos artísticos e para a manutenção e conservação de patrimônios culturais
— em junho, o Tribunal de Contas do DF (TCDF) proibiu a investida. “Temos uma
responsabilidade sobre o patrimônio tombado e nenhuma fonte para suprir as
demandas. Recorremos da decisão da Corte, porque pretendemos aplicar parte do
montante em restaurações”, alegou.
O governo também articula com o Serviço Social do
Comércio (Sesc), administrado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens,
Serviços e Turismo. Caso a entidade assuma os custos da revitalização, ficaria
à frente também da gestão do espaço. Uma Parceria Público-Privada (PPP) não
está descartada. “Tivemos conversas nesse sentido, mas nenhuma proposta oficial
de empresas”, esclareceu Adão.
Etapas
O maior projeto de Oscar Niemeyer na capital
federal destinado exclusivamente às artes acabou fechado, em janeiro de 2014,
depois de uma recomendação do Ministério Público do Distrito Federal e
Territórios (MPDFT), ancorada numa vistoria do Corpo de Bombeiros, que
identificou 113 problemas estruturais, como acessibilidade interna e combate a
incêndio.
A gestão anterior chegou a adotar um projeto de
restauração com o orçamento de R$ 200 milhões, que acabou inviabilizado em meio
à crise econômica. Em 2018, depois de um processo de estudo ao lado do
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e da Central de
Aprovação de Projetos (CAP) do GDF, foi concluído o projeto de fracionamento da
obra em cinco etapas, o que permitirá entregar os espaços do teatro aos poucos.
Ana Viriato – Fotos: Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press – Blog-Google - Correio Braziliense