Senador José Antônio Reguffe (DF)
“O Brasil precisa de uma reforma da Previdência.
Ela é necessária. Há um deficit que é real, não é fictício. Agora, o texto tem
algumas injustiças e distorções que tenho a obrigação, como parlamentar, de
tentar corrigir”
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Por que decidiu se filar ao Podemos?
Foi o partido que me deu liberdade total de voz e
voto, para que eu possa continuar representando com dignidade quem votou em
mim. Além disso, precisamos construir no Brasil uma alternativa de centro, mas
não desse centro fisiológico, do toma lá dá cá, do Centrão, e sim de um centro
democrático.
Almeja uma eleição nacional?
É muito cedo para se falar em eleição. Até lá,
muita coisa vai mudar, novas pessoas vão surgir. Algumas pessoas têm dito, que
se o Álvaro Dias for candidato à reeleição no Paraná, eu seria o candidato.
Outros que eu poderia ser vice. Até lá muda muita coisa. Sinceramente, não
estou pensando nisso, não. Meu foco é total no meu mandato e minha única
ambição verdadeira é que meus eleitores continuem tendo orgulho do meu mandato.
Me dedico muito, às vezes inclusive com muito prejuízo à minha vida pessoal.
Como avalia seu mandato?
Me orgulho de dizer que tudo que escrevi no meu
panfleto de campanha, que eu mesmo distribuí nas ruas de mão em mão, eu honrei.
Cumpri ponto por ponto. Algo, infelizmente, raro na política hoje e algo que
acho que tem valor. Apresentei 11 PECs e 45 projetos. Aprovei três no Senado, e
todos relevantes. Hoje têm remédios para câncer na rede pública do DF por uma
emenda minha ao Orçamento da União. O DF recebeu 14 ambulâncias novas e
totalmente equipadas para o Samu por outra emenda minha. Destinei recursos
também para a reforma de escolas públicas. Sem contar o exemplo de economia do
meu gabinete, que economizou sozinho aos cofres públicos R$ 16,7 milhões. Só de
economia direta. E um dinheiro que é de todos nós.
Você trabalhou muito pela criação da CPI da
Lava-Toga. Por que a CPI não saiu?
Existe um grande acordão, envolvendo os três poderes.
Assinei os três requerimentos para a instalação da CPI e assinarei quantos mais
forem necessários. As cortes superiores deste país não podem ser
intocáveis.
Qual é a sua opinião sobre a eventual recriação da
CPMF?
Totalmente contrário. Votei contra sua recriação
quando eu era deputado federal e já anunciei agora, no plenário, que, se
tentarem recriar, votarei contra de novo. O governo deveria se preocupar em
cortar gastos públicos supérfluos, em tornar sua máquina mais eficiente, não em
recriar a CPMF. Sobre reforma tributária, o que defendi é a isenção do IRPF
para quem ganha até 5 salários mínimos e a correção imediata dos limites de
isenção da tabela do imposto de renda pela inflação. Em compensação, a
tributação de lucros e dividendos em 15%. Em um estudo em cem países, só o
Brasil e a Estônia não tributam lucros e dividendos. Não é justo os pobres e a
classe média pagarem o que pagam hoje e artistas, jogadores de futebol e
grandes empresários não pagarem imposto de renda.
Vai votar a favor da indicação de Augusto Aras para
a PGR?
Sou muito responsável com a função que ocupo. Tenho
que conhecê-lo melhor. Se ele for para lá para ser um representante do governo,
de um partido ou de algumas forças do Congresso, votarei contrário. Ele vai
para uma função de Estado e não de governo. Mas sempre tento ser justo na minha
vida e vou conhecê-lo melhor. Ele me pediu uma audiência no meu gabinete e vou
recebê-lo nesta segunda-feira.
E a escolha do deputado Eduardo Bolsonaro para a
Embaixada do Brasil nos Estados Unidos?
Já declarei voto contrário. Essa é uma função que
deve ser ocupada por servidor de carreira do Itamaraty. Os chefes das missões
diplomáticas do Brasil no exterior devem pertencer, na minha humilde opinião, à
carreira de Estado da diplomacia brasileira.
Qual sua avaliação sobre a reforma da Previdência?
O Brasil precisa de uma reforma da Previdência. Ela
é necessária. Há um deficit que é real, não é fictício. Agora, o texto tem
algumas injustiças e distorções que tenho a obrigação, como parlamentar, de
tentar corrigir. Estou apresentando algumas emendas.
Que nota você dá para o governo Bolsonaro?
Quem tem que dar nota é a população. Vejo como
positiva a tentativa de desburocratizar e abrir a economia brasileira. E também
o não loteamento pelos partidos dos ministérios, pelo menos até agora. Como
negativo, vejo uma política ambiental desastrosa e agora uma tentativa de
interferência na Polícia e na Receita Federal. Critiquei duramente também os
cortes na educação. É óbvio que o governo tem que fazer cortes, um governo não
pode gastar mais do que arrecada, mas nunca na educação, nunca no futuro do
país.
E o de Ibaneis?
Vejo como pontos positivos a abertura das
delegacias 24 horas e algumas obras, como essa operação tapa-buracos e a
infraestrutura em algumas regiões carentes. Como negativos, considero que tem
cargos e secretarias demais. E, também, a saúde, que é um problema que vem de
longe e deveria ser, na minha opinião, a grande prioridade de um governo aqui.
É desumano e de cortar o coração ver as pessoas em macas nos corredores dos
hospitais e pessoas sentindo dor sem ter um atendimento nas emergências. Fui o
parlamentar aqui que mais destinou recursos para a saúde nas suas emendas ao
Orçamento da União e quero ajudar o governo, sinceramente, a dar certo. Quero
construir uma linha de mais diálogo com o governador. Já disse isso para ele.
Ana Maria
Campos – Coluna “Eixo Capital” – Foto: Jefferson Rudy – Agência Senado –
Correio Braziliense
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