O que a gente quer é essa cidade renovada. Em entrevista ao CB.Poder,
José Humberto aposta em infraestrutura para conter os transtornos causados
pelas chuvas. Em Vicente Pires, a expectativa é de que até o fim do ano 70% das
obras estejam concluídas. Emprego e saúde também são desafios
"Como são nove empresas e 11 contratos e todas estão trabalhando, a
nossa meta é de que, neste ano, a gente conclua 70% de todas as obras
projetadas (em Vicente Pires). Os outros 30% ficarão para o ano que vem"
O GDF está pronto para as chuvas no Distrito
Federal. O Executivo local avalia que, em 10 meses de gestão, fez avanços, com
a implementação de obras em pontos complicados da capital, como Vicente Pires,
Sol Nascente e as tesourinhas do Plano Piloto. De acordo com o secretário de
Governo, José Humberto Pires, “mesmo com o período de chuvas, as obras não vão
parar”.
As declarações foram feitas ontem em entrevista ao
programa CB.Poder, parceria do Correio com a TV Brasília. Segundo o secretário,
até o fim do ano, 70% das obras de Vicente Pires devem ser concluídas. A
previsão é de que as ruas 3 e 8 fiquem prontas nos próximos 15 dias. Neste
momento, o GDF está na fase final de conclusão da obra de drenagem e esgoto do
local.
Além disso, José Humberto detalhou os desafios do
governo, como o desemprego e a regularização de lotes. Também fez uma avaliação
sobre a Saúde, após a implementação do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde
do DF (Iges/DF).
"O governador Ibaneis colocou como ponto fundamental, como política
de governo, criar um ambiente de negócio favorável, de segurança jurídica
favorável, para incentivar os empresários a investir novamente em
Brasília"
O
que mudou do ano passado para cá? Estamos preparados para enfrentar a
chuva? Todo
mundo está preparado. A chuva chegou com vontade na região de Taguatinga,
principalmente, em Vicente Pires. É a região oeste de Brasília. Mas o governo
está preparado, a Defesa Civil está preparada para qualquer momento em que
houver necessidade de atuar.
Algumas
vias de Vicente Pires ainda têm lama. Há prazo para essas obras? A Rua 10, em março, era
intrafegável, e o governo decidiu fazer dela um modelo do que queremos que seja
Vicente Pires. Levamos para a Novacap a empresa contratada e, desde então, vemos
a trafegabilidade em uma via de 12 metros, com calçadas totalmente
estruturadas. Agora, para a nossa felicidade, a chuva caiu, as bocas de lobo
funcionaram, a lagoa de contenção está funcionando muito bem, o que nos projeta
um futuro muito melhor. Hoje, o que há de intimidação ainda, e é até uma
incomodação compreensível, é que, quando você faz obra de infraestrutura, tem
de primeiro fazer a parte de drenagem pluvial e esgoto. Esse passo agora está
na Rua 8 e na Rua 3 e, ali naquela região, ainda há lama. Mas a boa notícia é
que o nosso secretário de Obras, Izidio (Santos), nos diz que, nos próximos 15
dias, essa drenagem será concluída, e nós não teremos mais essa água correndo
pela rua.
Dá
pra dizer que a Rua 10 passou no teste das chuvas? Em quanto tempo as demais
estarão na mesma situação? Como são nove empresas e 11 contratos e todas estão
trabalhando, a nossa meta é de que, neste ano, a gente conclua 70% de todas as
obras projetadas. Os outros 30% ficarão para o ano que vem. O que significa o
seguinte: nem toda Vicente Pires estará completa, porque a cidade, no passado,
quando esses projetos foram feitos, em 2009 e 2010, tinha 40 mil habitantes.
Hoje, tem mais de 100 mil. É uma cidade que cresce, que é dinâmica, e esses
projetos complementares também serão feitos, mas serão executados até o fim do
governo
"Nós temos 96 tesourinhas nos eixos W e L e vamos investir R$ 7
milhões para fazer essa recuperação. Vamos começar de quatro em quatro quadras,
exatamente para não atrapalhar tanto o trânsito"
Quais seriam os três grandes desafios de
Brasília? O
primeiro desafio de Brasília, hoje, eu diria que é o desemprego. Nós temos uma
taxa de desemprego na faixa de 311 mil pessoas desempregadas e, para isso, o
governador Ibaneis colocou como ponto fundamental, como política de governo,
criar um ambiente de negócio favorável, de segurança jurídica favorável, para
incentivar os empresários a investir novamente em Brasília, porque vários
tinham saído daqui por falta de condições de trabalho e investimento. Isso é um
dos primeiros problemas que foi enfrentado. A curva está mudando, e a tendência
é de que ela vá caindo gradativamente. Sobre essa questão, é fundamental dois
projetos: o Destrava DF, que é conduzido pelo secretário (de Desenvolvimento
Urbano e Habitação) Mateus (de Oliveira), facilitando a liberação dos alvarás,
dos Habite-se, para que destrave a cidade. O segundo é esse novo Pró-DF, que é
o Desenvolve DF. Nós queremos que esses empresários possam se reabilitar e
colocar de novo no mercado as suas empresas com segurança jurídica e com
incentivo fiscal. Aqueles que não tiverem essa condição, certamente darão lugar
a quem precisa fazer.
A Saúde está no meio desses desafios? Sem dúvida, mas eu queria partir
para outro antes, que é a questão da organização urbana. Brasília tem hoje em
torno de 3 milhões de habitantes, mas por volta de 45% dessa região ocupada é
irregular. Nós temos 23% da população vivendo em áreas irregulares. Então,
reorganizar a cidade dentro da legalidade. Nesse ponto, nós estamos avançando
muito em relação ao planejamento urbano, da vigilância do solo e,
principalmente, da implementação da infraestrutura. Agora, nas políticas
públicas, aquela que mais salta aos olhos é a saúde. A primeira vitória foi da
implementação do Instituto (de Gestão Estratégica de Saúde do DF). Nos
hospitais onde está operando, que é o de Base e o de Santa Maria, funciona bem,
assim como nas UPAs. Além disso, o governador autorizou fazer mais seis UPAs,
várias UBs pela cidade. Tem aí o projeto do Hospital Oncológico, que nós
estamos acabando de destravar na Caixa Econômica Federal para começar essa obra
também. Há outro projeto do Hospital da Região Centro-Sul, ali no Guará, que
também está bem adiantado. E também um hospital novo na área de Ceilândia, que
está em fase de elaboração de projeto.
Nós tivemos várias reclamações de pacientes sobre a
falta de medicamentos e insumos médicos. Essa fase foi superada? Eu sou dessa área, porque eu tive
supermercado durante 37 anos da minha vida. Eu sei bem como é essa história de
comprar, vender e essa logística. Quando tem uma complexidade dessas,
sobretudo na área pública, que depende de licitação, processo etc., quando
falta alguma coisa na ponta, é demorado demais para suprir. Mas essa questão,
do ponto de vista do Iges/DF, está resolvido, e a rede também está totalmente
abastecida. A inovação é no sentido de fazer chegar o remédio, sobretudo
aqueles de alto custo, lá na residência do paciente que precisa. Esse é um
ponto que estamos estudando. E a questão da logística, a mesma coisa, porque
você não tem como distribuir esse medicamento para todas as unidades,
realmente, tem de ter um local centralizado.
Voltando ao tema obras, na quarta-feira o GDF
lançou o programa de vistoria de pontes e viadutos, com universidades, e, no
último ano, tivemos a queda do viaduto do Eixão Sul. Como serão essas
vistorias? Tem algum ponto que preocupa o GDF? Eu estive nesse evento e
fiquei realmente impressionado, porque ali é uma operação de ganha-ganha. São o
aluno, o professor, as instituições, o governo e todos os envolvidos ali para
fazer um diagnóstico correto da situação das pontes, dos viadutos e das obras
de arte em geral. A surpresa que aconteceu neste ano foi a Rodoviária. Tinha
ali uma possibilidade real de desabamento, e o governo agiu rapidamente,
fazendo o emergencial. Nós entregamos a obra de recuperação com 14 dias de
antecedência, liberamos o trânsito e essa questão está resolvida. Os viadutos
todos estão sendo inspecionados. Esse trabalho será fundamental, porque são oito
instituições. Ontem nós assinamos com seis, e mais duas aderiram.
As tesourinhas também passarão por
reformas? Nós temos 96 tesourinhas nos eixos W e L e vamos investir R$ 7
milhões para fazer essa recuperação. Vamos começar de quatro em quatro quadras,
exatamente para não atrapalhar tanto o trânsito, ajudando as pessoas,
sinalizando de forma correta, porque, sem tesourinha, ninguém vive em Brasília.
Então, em um futuro próximo, não teremos mais
aquela imagem de carros boiando? Esse é um outro projeto, o Drena DF, que
também estava parado e que nós resgatamos para fazer uma intervenção maior na
Asa Norte, onde é gravíssima a questão, e também em Taguatinga. O que o
governador Ibaneis fez? Desde a transição, todo o dinheiro que era possível ser
resgatado, restabelecido, como o caso do FNDE, nós fomos atrás, assim como o
Hospital Oncológico. Então, nós estamos destravando as coisas no governo.
Brasília vai completar 60 anos. Que notícias boas o
GDF tem para dar para o brasiliense nessa data? Eu cheguei aqui com 13
anos de idade. Tenho 51 anos de Brasília; então, tudo o que a gente quer ver é
essa jovem cidade renovada sempre. Nós estamos trabalhando muito na questão do
Teatro Nacional, nos equipamentos da cultura. O governador Ibaneis procura
fontes de financiamento, tanto que fizemos com a Fecomércio (Federação do
Comércio, Bens e Serviços) e a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens,
Serviços e Turismo) um trabalho para ver se eles assumem o Teatro Nacional.
Outra região que também sofre muito nessa época de
chuva é o Sol Nascente. O que está sendo feito nessa área? No Sol
Nascente, também estão acontecendo obras. Foram paralisadas agora nos últimos
15 dias por uma questão contratual. Uma das empresas que estava no consórcio
veio à falência. Assim, é preciso restabelecer o consórcio. Juridicamente, isso
é um trabalho que precisa ser feito; então, as obras voltarão, possivelmente,
na próxima semana. Assim como em Vicente Pires, nós também colocamos uma equipe
do GDF lá dentro, e estamos cuidando da cidade. Ela não está abandonada, não
está parada, nós estamos cuidando.
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CB.Poder - Fotos: Daniel Ferreira/CB/D.A.Press - Correio Braziliense